A GUERRA DOS MENINOS
Valho-me da bela mensagem da música de nossos queridos Erasmo e Roberto Carlos para falar sobre uma guerra. Outro tipo de guerra que, infelizmente, nada tem a ver com o belo sonho cantado nos versos de nossos cantores/compositores: a guerra dos meninos - a guerra das drogas, do tráfico, do acerto de contas, dos homens do mal, que dizimam a nossa juventude, tiram os nossos sonhos, matam, sem dó nem piedade, os meninos e meninas de todo o mundo, especialmente os do Brasil.
Droga é um tema muito delicado. Entre o querer e o poder enfrentá-la está uma grande barreira, algo que não mede forças para impor o seu domínio e com todos os poderes, inclusive o de sacrificar as suas presas.
As estatísticas mostram um quadro alarmante. Uma mortandade sem fim, um extermínio de pessoas que, por falta de estrutura familiar e de proteção por parte dos detentores do poder, são adotados pelos traficantes e, após o primeiro contato com as drogas, tornam-se presas fáceis, indefesas, consumidores contumazes. Eles destroem os laços de família, roubam seus próprios lares, roubam nos semáforos, nas igrejas, em qualquer lugar, enfim, tudo com o objetivo de obter recursos para custear o vício.
E quero deixar bem claro o seguinte: não adianta dizer que esta maldição é consequência da pobreza, da falta de instrução de nossa gente. Há famílias extremamente cultas, ricas, religiosas que enfrentam os mesmos problemas provenientes das drogas. Todos os dias as manchetes policiais destacam casos horripilantes de extermínio. As características são as mesmas: jovem, dependente químico, com passagens pela prisão e, quando menores, pelas casas de recuperação e apoio. E os exterminadores são implacáveis. Buscam a presa em qualquer lugar. Não respeitam sequer as residências. Arrombam as portas e os matam em frente à própria família.
Há algum tempo ocorreu, no Brasil, uma campanha de desarmamento. Muitos cidadãos entregaram suas armas, no que agiram muito bem, pois pouco importa a espécie, a arma será sempre uma faca de dois gumes. Todavia, por ironia do destino, multiplicaram-se as armas em poder dos criminosos que, com muita astúcia e capacidade montam um verdadeiro exército e aproveitam a mão-de-obra de nossos meninos. Há armas em abundância, de todas as marcas, de todos os calibres, desfilando nas cinturas, mãos e costas da milícia do tráfico. E o mal é uma metástase galopante e, ao que parece, irreversível.
Quando se fala que a vítima era um dependente, escuta-se alguém de uma forma egoísta e indiferente dizer: "Já se esperava o fim. Ele (ou ela) optou por esse destino. Quem mandou se meter com drogas?"
Há dependentes de café, de uísque, de jogos, de sexo, de computador. Há pessoas que se encharcam de álcool e saem por aí dirigindo, dando cambalhotas, abalroando, atropelando e acabando com os projetos e sonhos de muitas famílias. Há os que perdem tudo - inclusive a vida - por causa do jogo. Porém, de todos os males, o mais triste é o consumo de drogas .
Há que se arranjar um jeito de se deter esta lástima. Família, Estado, Igreja hão de se irmanar numa só corrente e tomar providências para, se não extirpar de vez, amenizar os resultados decorrentes deste que é o pior de todos os males.
Hoje, 20 de janeiro de 2011, a minha pequena cidade de origem, situada no interior da Paraíba, começou o dia enlutada: dois jovens, em uma mesma residência, foram executados. Lá, há menos de oito dias, um cidadão de bem, chefe de família, honesto, trabalhador, teve o infortúnio de estar no lugar errado, na hora errada e tombou vítima de tiros que eram destinados a outrem.
Ainda hoje uma manchete, dentre tantas outras de extermínio, no jornal de minha querida João Pessoa, nos chamou a atenção: foi encontrado o corpo de um menino, aparentando 16 anos, jogado num matagal, morto a tiros, desfocado e desfigurado pela chuva. Ele tinha duas tatuagens: Uma, com o nome de "Severina". A outra, com os dizeres: "Amor, só de mãe".
E é em nome deste amor e desta mulher que chora e em nome de todos os pais, mães, irmãos, avós, filhos e filhas que perderam os seus entes queridos por causa dessas drogas que eu, também chorando, gostaria que todos cantássemos, a uma só voz, esta linda canção:
A Guerra Dos Meninos
Composição: Roberto Carlos e Erasmo Carlos
Hoje eu tive um sonho que foi o mais bonito
Que eu sonhei em toda a minha vida
Sonhei que todo mundo vivia preocupado
Tentando encontrar uma saída
Quando em minha porta alguém tocou
Sem que ela se abrisse ele entrou
E era algo tão divino, luz em forma de menino
Que uma canção me ensinou
La...la..la... (coro)
Tinha na inocência a sabedoria
Da simplicidade e me dizia
Que tudo é mais forte quando todos cantam
A mesma canção e que eu devia
Ensinar a todos por ali
E quantos mais houvessem para ouvir
E a fé em cada coração, na força daquela canção
Seria ouvida lá no céu por Deus
La...la...la.. (coro).
E saí cantando meu pequeno hino
Quando vi que alguém também cantava
Vi minha esperança na voz de um menino
Que sorrindo me acompanhava
Outros que brincavam mais além
Deixavam de brincar pra vir também
E cada vez crescia mais aquele batalhão de paz
Onde já marchavam mais de cem
La...la...la... (coro)
De todos os lugares vinham aos milhares
E em pouco tempo eram milhões
Invadindo ruas, campos e cidades
Espalhando amor aos corações
Em resposta o céu se iluminou
Uma luz imensa apareceu
Tocaram fortes os sinos, os sons eram divinos
A paz tão esperada aconteceu
Inimigos se abraçaram e juntos festejaram
O bem maior, a paz, o amor e Deus
La...la...la... (coro)
Esta crônica foi publicada em Talentos.wiki.com.br em 20/01/2011.
Republico-a ,em homenagem a todos os irmãos vítimas do preconceito e das drogas.
João Pessoa, 19/01/2012
Maria do Socorro Domingos dos Santos Silva
João Pessoa - Pb.