Atropelados pelo Futuro!

    Permitirá a nossa sensibilidade determinar o momento em que chegarmos ao futuro? Em verdade, estamos sempre caminhando para ele, mas aquele futuro que nos é trazido por obras de ficção, quando chegará? Somos hoje cercados por máquinas, equipamentos e tecnologias que nem sequer sabemos que se encontram ali, tão acostumados estamos. Em breve não saberemos mais aonde termina o computador e começa a Tv, ou vice-versa.
    Tecnologias integradas a outras não cansam de nos surpreender. Chegará um dia em que não teremos mais sobre as novidades o olhar do encanto, nesse momento poderemos determinar que o futuro terá chegado como evento cabalístico inadiável.
    Admirador incondicional da ciência e do progresso humano, não me canso de demonstrar o quão grato sou aos homens e às suas máquinas maravilhosas. No entanto, já fazia algum tempo que não era pego de surpresa em arrebatamento pueril. Faltava-me, há muito, o mesmo deslumbre que tive ao bater meus olhos na primeira Tv a cores. Quedei meu queixo de paixão quando me defrontei com o primeiro computador pessoal e tratei de adquirir um zerando minha poupança de anos. A capacidade de memória do mesmo era inferior ao das calculadoras mais modernas e o disco rígido era um gravador a ele conectado com fitas K7.
    Quanto ao microondas, a paixão demorou um pouco mais, não consegui, de início, absorver toda a praticidade do mesmo até que atualmente minha família e eu o alçamos a um dos itens indispensáveis à comodidade do homem moderno ao refletir a respeito dos bens da casa e imaginar de quais não poderíamos mais abrir mão.
    Estava então, nesse lapso desprovido de novos encantos quando, ao observar pela janela do nosso apartamento, minha esposa vimos um caminhão da prefeitura que se aproximava de uma esquina. Parou de modo desajeitado ao que ela perguntou:
    - O que ele está fazendo?
    Observamos que o seu pára-choque dianteiro abriu-se como uma porta e um braço mecânico avançou sobre o asfalto parando sobre um buraco. Um jato de ar expeliu toda a água e demais impurezas. Em seguida, pela mesma cavidade, saiu o piche necessário ao reparo. Ficamos boquiabertos. A operação inteira levou cerca de 5 minutos e o asfalto, aparentemente, secou em instantes, pois os veículos já circulavam sobre o local com facilidade.
    Fiquei então refletindo e concluí que o futuro chegou. Se em uma cidade central do Brasil já divisamos uma peça como essa, dotando nossa prefeitura de agilidade nipônica, temos a certeza de que a realidade começou a se confundir com a ficção. Estou agora no aguardo de novas surpresas, atestando que o futuro realmente não espera: ele nos atropela!