Compromisso
A palavra Compromisso define claramente o problema que vivemos na atualidade. Hoje, nas empresas, existem muitos que não tem o menor compromisso. Parece que as pessoas nasceram mesmas, para serem burocráticas. No Call Center, o bom é seguir o script, mesmo que seja irracional e monótono. O funcionário, transfere a ligação, sem dizer para quem está passando a ligação, e sobre qual assunto está tratando. Isso demonstra a falta de compromisso.
Na internet o negócio é sofrível. No MSN, as pessoas se comunicam, afoitamente com várias pessoas. Não dão atenção à nenhuma. Ou seja, falam demais, dizem de menos. Falam de coisas bobas, namoram com todos, mandam beijo para todos...e, no final das contas, é como se estivessem num parque de diversões. São conversas que não acrescentam muito, são palavras ditas sem sentimento; são monossílabos. Eu não sabia, mas as frases estão em extinção. Construir uma frase (estou falando de frases grandes... não se precisa levar ao pé da letra) hoje é algo para gente chata. A moda, é falar pouco. A moda é falar besteira. A moda é agradar o outro, com uma conversa inútil e boba. A moda é saber do óbvio. “Acordei...ouvindo Lady Gaga”. As frases denunciam seu emissor: frases tolas, inteiramente privadas, sem qualquer sentido público. Parece que o ídolo da juventude é mesmo o espelho. Sem eles, os vintões não vivem.
A diversão acrescenta prazer em nossas vidas, mas em excesso tudo causa desprazer. O que faz o sorvete ser bom, é a expectativa de tomá-lo apenas uma vez na semana. Tomar quatro vezes na semana, é transformar o prazer em compulsão. Torna-se ruim e causa arrependimento. O homem moderno, acredita que se redime da culpa indo três vezes na semana na Igreja. Está enganado! A culpa é produzida por quem excede em tudo que faz. Ficar 06 horas na internet, pode ser um exemplo, vicioso de que nós estamos com algum distúrbio: distúrbio da falta do que fazer.
Existem utilidades mais agradáveis. Basta sabermos administrar. O virtual nunca substituirá o real. O namoro pela internet é apenas uma ficção, que, ao invés de aproximar, cria a ilusão de proximidade. Não existe corpo pela net. Pela net, o corpo está morto. O corpo está vivo, quando está perto. O homem sente a mulher quando está ao seu lado. Quando existe carinho, beijo e cheiro.
A internet é a invenção burocrática e impessoal, que quer transformar tudo que existe de vida, em morte. Quer transformar o afeto em palavras iguais. Quer substituir o corpo pela cabeça. Quer destruir a diferença em prol da igualdade, transformando todos em crianças, no sentido ruim da palavra.
A verdadeira criança, é aquela que não menospreza sua vida, e não se transforma em corpo infantil, perdido no mundo. Internet, na maioria das vezes, em nada acrescenta à vida, ao espírito. Na verdade, a internet é o reino do prazer exagerado, perdido, sem graça. O homem vira menino, por isso, ao invés de aparecer a alma, aparece somente o corpo. Troca-se o amor, pelo umbigo. Todo mundo quer todo mundo. Todo mundo pode todo mundo. O reino da liberdade está aí: aberto para todos entrarem.
O homem foi transformado em objeto a ser vendido no supermercado. As lojas, chamadas hoje de bate papo, mídias sociais, estão aí, vendendo, tudo a todos. Quem quer comprar um homem? Estou à venda: me chamo “Homem gente boa”. Oi, também quero me vender: me chamo “Carioca, 35”. Oi, tem espaço pra mim?, me chamo “Mulher Séria 3.1”.
E assim, todo mundo é vendido. As pessoas estão muito oferecidas, muito dadas. O bate papo é a construção do segredo, que não pode ser revelado. Engraçado, é que lá acontece o contrário: todos os segredos são perdidos, e todo mundo é revelado. Todos os homens no bate papo são iguais. São meros: “quantos anos?”, “tc de onde?”; “faz o quê?”. A internet é a banalização da cabeça e a morte da alma.
Se não há alma, não existe compromisso!