PADRÕES DE COMPORTAMENTO

A partir da década de 50 quando passei a ter uma visão mais clara da vida, os costumes, hábitos e padrões de comportamentos começaram a mudar de maneira violenta. A sociedade era fechada, praticamente, em classes sociais. Pobres e ricos. Negros e brancos. Os ricos e brancos ou quase brancos faziam parte da sociedade, porquanto na época o termo comunidade na verdade não existia.

Muitos acontecimentos importantes ocorreram no período. Na década de 50 o lançamento do primeiro satélite russo, chamado SPUTNIK deu início à era espacial, advindo daí mudanças nas comunicações. Dos grandes computadores passou-se aos computadores manuais. Na música passou-se das valsas, tangos, sambas-canções, etc., para os rock´n rolls, o twist e o "rully-gully" que embalaram a minha geração. Concomitantemente aqui no Brasil apareceu o movimento da bossa nova, mudando totalmente a música da época. Nomes como João Gilberto, Vinicius de Moraes, Edu Lobo, Chico Buarque, Tom Jobim, Geraldo Vandré e outros transformaram o estilo musical dos boleros, sambas-canções e guarânias. Da dança agarradinha dos boleros passou-se à dança solta dos twists, rocks e outros ritmos.

Os brinquedos da década de 50, como bola de gude(bilas e cabiçulinhas, como também eram chamadas no nordeste brasileiro), soldadinhos de chumbo, bolas de borracha para jogos de futebol, pinhões, arraias ou pipas, danças de roda foram dando lugar aos bailes, banhos de mar, namoro no escurinho do cinema, beijinhos roubados , tudo isso com um gostinho de mel que a juventude de hoje não tem mais o prazer de fazer. Tudo isso pessoal , sem saudosismo, uma vez que digo que "a velhice e a morte são proporcionais à quantidade de passado que você tem dentro de si". A frase é minha mesmo.

Na década de 60 aconteceu a REVOLUÇÃO SEXUAL, com o aparecimento da pílula anti-concepcional e então "lavamos a burra", para usar um termo antigo e já sem uso. O namoro que era vigiado passou a ser mais livre e para evitar-se dissabores ou casamentos na justiça passou-se a usar a camisa-de-vênus ou camisinha ou preservativo como chamamos na atualidade.

As profissões mais conceituadas da época eram: funcionários do Banco do Brasil, militares, médicos e padres. Toda família queria ter um em seu seio. Bancário, militar de patente tinham namoro certo com as moças de família, como eram chamadas aquelas que pertenciam a uma classe social mais alta.

Por incrível que pareça e também por escassez nos transportes, a alimentação desta gente era comida caseira como a paçoca de pilão, "rabada de boi", panelada e buchada. Ainda não havia chegado o ket-chup e a maionese. Isto só começou a aparecer na década de 70 e de maneira acanhada.

Aqui em Itapipoca, para falar-se de maneira específica, as coisas também não eram diferentes. Na praça havia o lugar das moiçolas ricas andarem(centro da praça) e das pobres(parte de fora). A praça da matriz era cercada por grades de ferro, mas isto eu não alcancei. Vejam só como o tempo muda. Muitas vezes para melhor, não havendo distinção entre classes sociais: outras vezes para pior, como a droga sendo a rainha da juventude, a arrogância sendo a senhora dos que possuem uma moto ou um carro, transformando o ser humano inferior à máquina. Mas "em verdade vos digo" que o tempo é o atual, faltando apenas um pouco de tempero e disciplina para adociar a vida. Observem, porém, que foi a minha geração que abriu o leque para que vocês estejam no patamar de hoje. Então, Vivam os Velhinhos.

Antonio Tavares de Lima
Enviado por Antonio Tavares de Lima em 19/01/2012
Reeditado em 08/11/2012
Código do texto: T3449546
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