Tudo o que temos

É fato que precisamos de alguns objetos para viver: roupas, agasalhos, materiais de higiene, talheres. Mas o mais importante somos NÓS, não nossos objetos. Não podemos nos esquecer disso. Se esquecemos, invertemos as prioridades e assim nos tornamos infelizes.

Por exemplo, precisamos de um espelho para muita coisa. Mas o que é refletido no espelho é a nossa imagem. O espelho por si só é vazio. E não somos a imagem, muito menos o espelho. Nós existimos independentemente do espelho e de imagens.

O exemplo mais interessante é o do cobertor. Sem ele, podemos até morrer de hipotermia no inverno, se residirmos em um lugar muito frio. Portanto, mais do que para viver, precisamos de cobertores e agasalhos para sobreviver. Porém, o que gera o calor que precisamos é o nosso próprio corpo. Na verdade, somos nós que aquecemos o cobertor para então desfrutarmos desse calor. O cobertor sozinho é gelado. É por isso que demora um tempinho, após nos cobrirmos bem, para nos sentirmos confortáveis.

Gosto muito de um trecho de um poema do Victor Hugo:

“Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,

Porque é preciso ser prático.

E que pelo menos uma vez por ano

Coloque um pouco dele

Na sua frente e diga "Isso é meu",

Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.”

Dispensa comentários, né?!

Na vida é muito fácil a gente confundir as prioridades. De objetos e de pessoas. Como disse Alejandro Roemmers em “O Retorno do Jovem Príncipe”, “a felicidade é oriunda do ser e não do ter; de apreciarmos o que já possuímos, não de tentarmos conseguir o que não temos.”

De fato, não dá pra ter tudo na vida. Não que devemos nos tornar acomodados e não querer mais nada. Mas também não podemos ser infinitamente ambiciosos, porque assim nos embrenharíamos em uma busca incessante e insaciável.

Portanto, é preciso saber apreciar o que já possuímos, ao mesmo tempo em que damos tranquilamente um passo de cada vez. E mais importante do que isso: saber apreciar e ser feliz muito mais com o que “somos” do que com o que “temos”.

(Catalão, 13/01/2012)

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 19/01/2012
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