LEMBRANÇA

Nesta data, 18 de janeiro, se comemorava o aniversário de nascimento do meu pai que se estivesse vivo, estaria completando 100 anos.

Convivemos por quarenta e três anos, mas foram poucas as nossas conversas.

Era homem exigente com tudo, com todos e principalmente consigo mesmo.

Determinação e coerência eram suas características.

Gostava de ler, era torcedor do Santa Cruz Futebol Clube, falava pouco e colecionava “filosofia de para choque” dos caminhões que trafegavam no Porto do Recife, seu local de trabalho.

Era trabalhador cumpridor dos deveres e de tão honesto, morreu pobre por não concordar com as tramóias que os colegas faziam que se não os enriqueceu, pelo menos fez com que tivessem muitos bens.

Nunca bateu em mim, mas quando a molecagem ultrapassava os limites do tolerável, mandava que eu pintasse as letras “o” de uma folha de jornal e depois falasse sobre cada uma das notícias que faziam parte da folha que eu havia lido.

Hoje eu penso que perdi um grande tesouro por não ter aprendido mais com aquele homem acostumado a tomar decisões e a cumpri-las integralmente.