Atras de emprego

ATRÁS DE EMPREGO

Apresentei-me no primeiro dia do meu emprego. Naturalmente alguém com aspecto sério olharia para mim e tentaria explicar-me de como deveria ser a minha função.Fiquei preocupada e imaginando como seriam minhas colegas de trabalho.Naturalmente logo eu teria pelo menos uma amiga que na verdade pudesse fingir ser minha amiga para que eu detalhasse minha vida e falasse do meu marido, de repente ,porventura ela poderia até sentir vontade de conhecê-lo e daí quem sabe,eu sobrasse nessa.Mas não , dessa vez terei mais cautela em tudo o que for falar,não exporei meus problemas a qualquer uma, serei mais desconfiada,pois essa mania de confiar nas pessoas foi que sempre dei-me mal.Como posso contar toda minha vida para pessoas que nem conheço?Parece que não tenho bom senso. Sabe, às vezes desabafar com o chefe pode ser até uma idéia legal... Mas dar a impressão aos colegas de trabalho que estamos muito íntimas com o ele, e então precisamos ter cuidado com os boatos... Que me perdoem os fofoqueiros que ainda juram, de pés juntos que nada falaram.

Pois é, foi imaginando de como seria minha vida de luxo e mordomia, que eu decidi ir mais além, decidi perguntar com exatidão de quanto seria o meu planejado e gordo salário depois de ter passado tanto tempo sem conseguir um emprego. Achei conveniente, afinal eles iriam perceber que eu era uma mulher organizada e sabia realmente o que queria na vida. Pobre de mim... Eles perguntaram quanto eu desejaria ganhar, então fui com sede ao pote e falei muito mais do que devia... Quanta ambição! Amor exagerado ao dinheiro! Fiquei sem entender a perguntas e não me poupei em favorecer ao meu sentimento ganancioso uma oportunidade de fazer valer a pena toda essa espera, todo esse tempo de escassez, de total miséria. Pensei em tudo e nas possibilidades de vencer na vida, já havia até imaginado, sentado na cadeira do chefe, eu ditando ordens aos demais funcionários. Parei por um momento e tentei viver a realidade que era áspera e muito diferente do que eu sonhava. Acordei e vi alguém se dirigir a mim com um sorriso forçado, algo superficial. Nessa hora lembrei que aquele emprego não era fruto do meu mutilado saber, mas foi alguém que devia um enorme favor à minha mãe, que me indicou para o emprego. Agora eu estava ali, sendo avaliado por dentro e por fora. Talvez aquele homem bem extrovertido e educado estivesse tentando ver minha alma e mente para finalmente saber o que eu estava pensando naquele momento, acho que ele queria que eu desvendasse as minhas intenções e os meus desejos massacrados pela vida. Pediu que eu dissesse com expressividade minha experiência profissional, e fiquei presa a uma sequência de perguntas que ele me deu o prazer de proporcionar-me; e não foi nada justo comigo quando me disse que eu esperasse mais um pouco, que eles certamente entrariam em contato comigo: por telefone, fax ou internet.

Eu que pensei que tudo estivesse certo, eu não precisaria de entrevistas e testes em grupos, psicotécnicos e individuais; talvez o recado que eu recebi tivesse sido dado errado. Mais uma vez eu estava na lista dos desempregados, penando as dores do abandono dos falsos amigos e esperando ansiosamente por uma ligação que nunca chegaria.

ARTESGS
Enviado por ARTESGS em 18/01/2012
Código do texto: T3448093