RESPEITEM SEUS CABELOS BRANCOS

A vida inteira homens e mulheres se dedicam ao estudo entre a infância, a adolescência e a juventude ralando duramente para alcançar um futuro brilhante que os torne capazes de constituir família com dignidade. A seguir, chega a maturidade, concluem os quase inacabáveis anos de faculdade e depois o mestrado, pulam essa fogueira de chamas altas, assumem empregos de ótimo gabarito e galgam honrosas posições no trabalho. Criam seus filhos, acompanhando o estudo e a evolução de cada um, procurando deixar todos no melhor caminho que a educação possa conceder juntamente com o conhecimento, então vem a aposentadoria e os cabelos brancos. Os filhos, criados e educados, repisando a mesma caminhada deles, aos poucos vão sumindo na jornada humana procurando o próprio destino. O ciclo então se renova.

Envelhecidos, muitos deles nunca tiveram tempo para se cuidar tanto com alimentação saudável e balenceada quanto indo à academia para se movimentar, então adoecem, aparece o mal de Alzheimer, surgem as enfermidades do coração, muitos se transformam em obesos ou sucubem à diabetes e se prostram nas cadeiras de balanço, nos sofás, nas camas. Esquecidos. De nada lhes valerão as honrarias, os sorrisos mentirosos, os abraços de urso e tamanduá, as adulações tendenciosas, os elogios da boca pra fora. Nesse estágio do viver humano pelo qual todos nós passaremos, embora não sobre para muitos as dores desses dilemas doentis porque há os que se preparam para não sofrê-las fazendo atividades físicas, não fumando nem bebendo e se alimentando bem, no sentido de saudável, quando poderiam usufruir da benéfica carga de experiência proporcionado pelos anos de aprendizagem e dos bens garantidores de uma velhice digna, soçobram e imergem ao fundo do poço esperando a última hora.

Para piorar ainda mais essa condição, como a última e mais infamante humilhação a sofrer, esses homens e mulheres idosos e doentes são entregues a cuidadores impiedosos, covardes e insensíveis, que os maltratam da forma mais hedionda, jogam-nos na cama como se fossem trapos, batem-lhes no rosto, nos braços, nas costas, na cabeça e os forçam a ingerir alimentos, remédios e líquidos da forma mais brutal e selvagem possível. Sem dó nem piedade. Os pobres indefesos, criaturas inocentes e debilitados pelas doenças, mormente o Mal de Alzheimer, quase sempre já não falam ou balbuciam, quiçá nem mais derramem lágrimas pois já a fonte secou, transformados à condição infantil, como recém-nascidos, atravessam essa via crucis calados, obrigados a um resto de existência sem o menor respeito, o mais ínfimo carinho, a mais remota dignidade.

Lembremos de envelhecer com saúde, de não nos desgastarmos desvairados na juventude bebendo feito esponjas e fumando como locomotivas estúpidas. E não nos esqueçamos que a velhice nos espera amanhã, num futuro próximo. Assim, sinal de senso comum e reverência a nossos pais e avós, tratemo-los o melhor possível dando-lhes condições de viver a terceira idade da maneira mais respeitável e feliz. Em não podendo cuidar nós mesmos deles, que estejamos atentos aos cuidadores de idosos acompanhando-lhes os passos, vigiando, mostrando interesse a fim de que tratem nossos velhos com bondade, gentileza, carinho e atenção. O Mal de Alzheimer, a diabetes, os problemas do coração como pressão alta, entre outros, podem atingir qualquer um de nós. E pode ser esse o futuro que nos espera. Portanto, veja a si próprio nos velhos de hoje e respeite seus cabelos brancos.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 18/01/2012
Código do texto: T3447741
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