Lembranças muito antigas
Ainda era uma criança - naquela época esticava-se muito a infância -, quando ouvi os mais comentando o filme-documentário " Ascensão e Queda do III Reich". Pelo que pude perceber, o filme tratava do início e fim de um homenzinho bastante desprezível.
Estava bem mais crescido quando o cinema brasileiro deu o troco aos europeus, lançando o filme " Ascensão e Queda de um Paquera", com Cláudio Cavalcanti. O filme valeu apenas para justificar as constantes idas ao banheiro, pois naquela época, para adolescentes como eu, sexo se resolvia na mão, sem que conhecêssemos Onã, mundialmente um pos-star sem rosto.
Olhando o filme com os olhos de hoje, vejo o quanto aquilo era grotesco. Mas valeu pelo que pretendo. Escrevi essa introdução para desestigmatizar a juventude de hoje: somos boçais desde Adão e Eva. A boçalidade não é um fato novo, mas tão antigo como cagar de cócoras.
No meu tempo, fazia-se saliência. Hoje, eles trepam mesmo, a vera. Acabou o mistério que nunca fora mistério. Depois da confusão da maçã, e vem daí o primeiro despejo da história, ninguém mais errou a fruta.
Lendo a ceônica ainda na tinta, o amigo Ronaldo Malheiros saiu com essa:
- Mas, amigo, há quem goste de pepino!
Olhei para ele, cofiei a barba que não tenho e arrematei:
- Ronaldo, pepino não é fruta!
Rimos muito, e nos deixamos ali, na varanda, molhando as palavras e merecendo as férias. Valeu, amigo!