43 - Estranho tempo o meu: impressões
Fico espantado!
Ao contar os dias, um, dois, três e aí por diante até 14, reparo que só estou há 14 dias fora de casa. E, no entanto, 14 dias que me parecem 14 meses.
O tempo nos últimos 4 meses, é estranho: o relógio mede em segundos, minutos, horas, semanas; o meu, não sei que nome dar-lhe, mede em momentos. Para ser rigoroso: os 14 dias parecem-me 14 meses e os 4 meses, 4 triliões de momentos. Juro!
Há uma espécie de triângulo das Bermudas dentro de mim, que desregula os relógios de pulso, de torre, de coluna, sei lá que mais, que me faz sentir o tempo de uma forma que nem eu próprio consigo explicar.
Quem me explica isso? Já agora quem me explica a estranheza de sentir que tudo o que me aconteceu é estranhamente estranho?
Excepto os meus filhos, é como se eu não tivesse tido mais ninguém durante anos.
E, no entanto, tive. Quem me explica isso?
Eu? Eu não sei.
Parece-me tudo tão ‘outro’. Percebem? Tão estranho. E ainda bem que já é assim. Percebem?
Não? Claro. Só quem passa por isso? Possivelmente.
Gare du Nord
Paris
17 de Julho de 2010
Mário Moura