De navio em outros tempos...

 


 

 

Viajei de navio três vezes na vida, faz muito tempo. No tempo em que transitar pelo mar era mais comum e menos caro do que andar de avião, lá pelos anos sessenta. Da primeira vez fui à Argentina, ida e volta nos ‘transatlânticos’ famosos da época: os gêmeos Giulio Cesare e Augustus, da Línea C, que ostentavam certo luxo, mas nada comparável àquele dos que hoje circulam fazendo Cruzeiros por todos os cantos do mundo. Se não me engano o percurso de Santos a Buenos Aires levou três dias, contando com uma parada de muitas horas em Montevidéu. Foi divertido, principalmente porque eu estava num grupo de jovens estudantes, quase todas minhas amigas. Elas comemoravam a formatura do colegial e eu, que também terminava o curso naquele ano, entrei na trupe de gaiata (negociei com meu pai a troca dos festejos da minha formatura pelo passeio). Era nossa primeira viagem ao exterior!

 

Na segunda vez eu voltava da Europa com uma amiga, depois de seis meses por lá. Morrendo de saudades, queríamos chegar logo e o tempo não passava,  os ponteiros do relógio sempre andavam para trás por causa do fuso horário. Saindo da Espanha, a viagem durou exatos e longos treze dias... Não lembro o nome do navio, era um meio cargueiro inglês, que assim mesmo oferecia aos passageiros as convencionais três classes. Nós viajamos na terceira, cujas cabines ficavam lá embaixo... Acabamos nos divertindo do mesmo modo, pois jovens sempre se divertem. Outros jovens, entediados na companhia de pessoas mais velhas na primeira classe, costumavam descer e participar das nossas festas. Na passagem do Equador houve um baile à fantasia! As nossas foram improvisadas, lançamos mão de lençóis, chapéus, plumas e máscaras arranjados nem sei mais como...

 

Anos mais tarde (1974), fiz com meu marido uma pequena e inesquecível viagem de Atenas para a ilha de Mikonos e de lá para Rodes num navio grego chamado Mimika. Tão especial, que merece um texto à parte.