Memórias dos versos que não escrevi
Hoje, quero deixar registradas minhas mágoas, minhas angústias, meus problemas, meus dilemas.
Lanço mão da caneta outrora esquecida, num canto qualquer do quarto, precisamente em cima da mesinha de cabeceira.
O caderno, já amarelado pelo tempo, reclama a ausência da sua dona, de rabiscar versos e pedaços poemas nos momentos de inspiração...
Hoje quero deixar registrado, com marcas d'águas, de olhos rasos de lágrimas, lamentavelmente, derramadas nas madrugadas de insônia. Madrugadas em que tenho como companhia, uma garrafa de vinho e várias bitucas de cigarro, esmagadas no cinzeiro...
Hoje quero escrever os versos, que foram esquecidos dentro da memória, mas que teimam em querer sair.
E então eu começo a escrever...
Mas o que acontece comigo? Não é esse o verso que eu quero escrever: "Paixão não correspondida, fere a alma".
Penso em ti, e lembro-me das noites de luar em que contávamos as estrelas e depois dormíamos ao relento.
Cheiro de relva molhada, do orvalho da madrugada.
E os passarinhos, anunciando um novo dia, saudam o mundo com alegria.
E novamente vem à ideia de escrever um poema de amor dedicado a ti: "Amor da minha vida, minha inspiração".
Mas os pensamentos me trazem de volta a realidade: Por que os Romeus e Julietas da atualidade não se amam mais com tanta intensidade? Divido a minha vida entre sonho e realidade, verdade e mentira, céu e terra, inferno e paraíso.
Eu era menina, bem sei. Mas eu te amei com um amor real, bem original. Penso em escrever belas frases de amor, absorver o perfume da flor, para inebriar-te numa noite de amor.
E com meu pranto, banhar teu rosto, te amar de novo. Viver sempre assim, com você coladinho em mim.
E a cada amanhecer, lindos versos para você vou ler.
Na loucura do amor,
Não quero te perder.
Quero sonhar.
Quem sabe, na ânsia do meu desejo louco,
Te aprisionar no meu sonho e te amar pra sempre, e te fazer sempre presente, quando eu bem quiser.
Texto publicado no paralerepensar