Meu cão chorão
Sinto saudades do meu negrão com seus olhos cheios de amor. Eu te escolhi entre os outros filhotes porque te parecias com meus filhos, choravas como a Roberta e estava sempre com fome como o Cássio. Foram longos anos juntos, quase doze anos. Acredito que meus filhos não entendem a vida sem tua presença livre e amorosa. Acordo todos os dias e ainda te procuro no pátio. Na maioria das vezes, quando sobra comida penso em ti automaticamente, mas vem à realidade me diz que tu não estás mais conosco. Sinto falta da tua companhia, da pata estendida para mim pedindo carinho. Todas as vezes que chego a casa sinto uma dor imensa. Abro o portão e não escuto teu choro manhoso sentindo a minha chegada, nem tua pata tocando a minha cabeça enquanto fecho o portão.
Agora não há quem espere por mim quando volto da escola disse a minha filha Entre os anos que ela viveu, doze foram de convivência com o nosso cão, um belo cão de pelos pretos. Toda a infância dos meus dois filhos é permeada de lindas lembranças deste cão. Uma das tarefas do meu filho era dar banho nos cães. O chorão possuía uma atitude bem peculiar. Toda vez que o Cássio o banhava, ele saia todo limpo e cheiroso se rolava na terra até ficar marrom, depois vinha passear bem feliz na nossa frente. Então, o limpávamos com vassoura, ao qual o tinhoso do cão adorava. O meu cão detestava chuva, quando havia chuvas se trancava no seu canil. Também odiava foguetes, talvez por isso tenha escolhido morrer bem pertinho do natal para evitar aquela barulheira infernal do ano novo.