Último dia do ano de 1981
Último dia do ano de 1981, estou defronte ao janelão de nossa casa, testemunho das mais estreitas aspirações das noites solitárias; do respirar irregular; da pesada pressão na parte interna do peito esquerdo; das abundantes lágrimas; dos reais gemidos carenciais.
Por entre os verdes galhos da árvore fincada à frente de casa, no solo piauiense, constato o céu repleto de pontos luminosos a me dizerem que comigo estão e me convidam a subir até eles. Com isso, consigo despistar a tristeza ferina.
Afastados sejam pesados fardos. Vejo-os dispersados; que não murchem flores que colhi; que a água que lhes dou seja sempre pura; que o mal existente em pessoas incapazes seja abolido para sempre e que suas almas se congreguem no santo efeito de amar. Assim sendo, o mundo será mais mundo.
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Do livro “Tópicos Emocionais”, parte integrante da coletânea "Passarela de Escritores". Edições Jacurutu. Teresina, 1997, página 76.
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