Literatura de Cordel os versos melodiosos... (1)

"Os relatos dos trovadores orais do Renascimento caiu no gosto do brasileiro vindas pelas mãos dos colonizadores, com isso, incentivou a inventividade e a criticidade nas classe mais humilde, levando as palavras em formas de versos rimados pelos sertões. As suas gravuras (xilogravuras), sem dúvida, é uma permanência do traço medieval da cultura portuguesa absorvida pelos cordelistas deixa tudo mais interessante. O cordel faz essa mágica de mostrar a beleza da cultura popular nordestina, agora, sendo reconhecida pelos leitores de todo o nosso país!"

As primeiras manifestações da literatura popular no ocidente ocorreram por volta do século XII. Peregrinos encontravam-se no sul da França, em direção à Palestina; no norte da Itália, para chegar à Roma; e ainda na Galícia, no santuário de Santiago. Nesses encontros eram transmitidas as histórias e compostos os primeiros versos, de forma muito primitiva. Nossa literatura de cordel é caracterizada, principalmente, pela poesia popular. A prosa aparece muito mais na forma oral, que passa de geração para geração. O nome cordel está ligado à forma de comercialização desses folhetos em Portugal, onde eram pendurados em cordões, chamados de cordéis.

As capas dos folhetos de cordel são tingidas em tons de verde, amarelo, rosa e azul e trazem uma xilogravura ““ resultado da impressão feita com uma espécie de carimbo talhado numa matriz de madeira. A técnica já era conhecida na antigüidade e foi utilizada na Europa no século XV para ilustrar cartas de baralhos e imagens sacras. De lá veio para o Brasil em 1808, com a Imprensa Real Portuguesa. No nordeste, a arte alcançou tamanho destaque que muitos xilogravuristas se tornaram famosos tanto quanto os autores dos versos. Artistas como os pernambucanos J. Borges e Silva Samico que são conhecidos em todo o mundo.

Para uma poesia ser considerada Literatura de Cordel, as características fundamentais são simplicidade, através do uso de termos compreensíveis, sem necessariamente compor um texto forçado; relato, considerando que a poesia de cordel deve conter uma história; e rima, dentro daqueles estilos tradicionais (preferimos rimar em estrofes de sete versos).

No Brasil, a literatura de cordel é produção típica do Nordeste, sobretudo nos estados de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará. Costumava ser vendida em mercados e feiras pelos próprios autores. Hoje também se faz presente em outros Estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.

As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos.

Sextilha é a mais conhecida. Estrofe ou estância de seis versos. Estrofe de seis versos de sete sílabas, com o segundo, o quarto e o sexto rimados; verso de seis pés, colcheia, repente. Estilo muito usado nas cantorias, onde os cantadores fazem alusão a qualquer tema ou evento e usando o ritmo de baião.

Quem inventou esse "S"

Com que se escreve saudade

Foi o mesmo que inventou

O "F" da falsidade

E o mesmo que fez o "I"

Da minha infelicidade

Oitava na poesia popular, cantada, na qual os três primeiros versos rimam entre si, o quarto com o oitavo, e o quinto, o sexto e o sétimo também entre si.

Todas as estrofes são encerradas com o verso: Nos oito pés a quadrão. Vejamos versos de uma contaria entre José Gonçalves e Zé Limeira: - (AAABBCCB)

Gonçalves:

Eu canto com Zé Limeira

Rei dos vates do Teixeira

Nesta noite prazenteira

Da lua sob o clarão

Sentindo no coração

A alegria deste canto *

Por isso é que eu canto tanto *

NOS OITO PÉS A QUADRÃO

Limeira:

Eu sou Zé Limeira e tanto

Cantando por todo canto

Frei Damião já é santo

Dizendo a santa missão

Espinhaço e gangão

Batata de fim de rama *

Remédio de velho é cama *

NOS OITO PÉS A QUADRÃO.

Academia Brasileira de Literatura de Cordel

Literatura de cordel na Fundação Casa de Rui Barbosa

http://www.ablc.com.br/historia/hist_cordel.htm

Obras e Autores da Literatura de Cordel