O Desafio da Leitura
Moisés Vicente e eu fazendo a festa na excelente exposição MENAS É MAIS
“A leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto para satisfazer um propósito ou finalidade” diz Isabel Solé no seu Estratégias de Leitura e é claro que tem razão. Lemos por uma infinidade de razões, desde a necessidade de informação, para cumprir tarefas de trabalho e até por entretenimento.Na compreensão do texto utilizamos nosso conhecimento de mundo, nossa sensibilidade.
Por entender que leitura é esse processo é que me incomodo quando me deparo com textos e comentários intolerantes, preconceituosos. Nem sempre sou compreendida quando escrevo algum texto nesse sentido todavia, devo esclarecer que não é nada pessoal mas como disse Martin Luther King “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.
Quando afirmo que não é nada pessoal é porque meus poucos e fiéis leitores e os que vez ou outra me honram com a interação nos meus textos, salvo uma exceção que tem objetivo definido e outro que se incomodou com um descuido meu na acentuação de uma palavra, são muito gentis, tolerantes e respeitosos tanto com os sentimentos que expresso quanto com meu jeito de escrever, mas não raro tropeço mesmo com gente fazendo observações pouco gentis e educadas e não consigo fingir que não vi, não li.
Não desconheço que a escrita de um texto é também um processo de pesquisa, de trabalho, como comparou o Mestre Graça com o ofício das lavadeiras aqui de Alagoas, mas também não é nenhum bicho de sete cabeças, nada que um bom dicionário e um editor de texto não dê uma boa ajuda.
Quero deixar claro que não vejo porque questões de ortografia comprometeriam a compreensão de um texto, seja ele poético ou não. Aprender e utilizar a grafia correta das palavras é processo também e ninguém nasceu sabendo escrever.
Quero deixar mais claro ainda que certamente o que me emociona e me interessa num texto não é o amontoado de palavras escritas com a ortografia segundo as regras da gramática, mas o sentido e o significado que atribuo ao que leio, por isso afirmo que o fragmento que trago aqui do livro Preconceito linguístico, o que é, como se faz (Ed. Loyola, 1999) do escritor e professor de Linguística do Instituto de Letras da Universidade de Brasília, Marcos Bagno, traduz o meu sentimento em relação a essa questão.
Fico imensamente feliz quando constato que quem lê o que escrevo age assim.
“(...) Vamos abandonar, portanto, a idéia (preconceituosa) de que quem escreve “tudo errado” é um “ignorante” da língua. O aprendizado da ortografia se faz pelo contato íntimo e frequente com textos bem escritos, e não com regras mal elaboradas ou com exercícios pouco esclarecedores.
Ao recebermos um texto escrito por alguém (ou ao ouvir alguém falar), vamos procurar ver, antes de tudo, o que ele/ela está querendo comunicar, para só depois nos preocuparmos com os detalhes de como ele/ela está se comunicando. Vamos fazer a nós mesmos as seguintes perguntas:
— Esse texto (ou esse discurso) é coerente?
— Traz idéias originais?
— Ofende algum princípio ético?
— É preconceituoso?
— Reproduz idéias autoritárias ou intolerantes?
— Mostra um espírito crítico e/ou criativo?
— Demonstra um senso estético?
— Comunica que sentimentos?
— Ensina-me alguma coisa?
— Desperta minhas emoções? Quais?
— ...
E assim por diante. Isso é que é educar: dar voz ao outro, reconhecer seu direito à palavra, encorajá-lo a manifestar-se... Sem isso, não é de admirar que a atividade de redação seja tão
problemática na escola.
Eu confesso que sinto muito maior prazer ao ler (ou ouvir) um texto cheio de “erros de português” — mas com idéias originais, inovadoras, coerentes, bem expressas —, um texto isento de preconceitos e de idéias rançosas, do que ao ler um texto com todas as vírgulas no lugar, com todas as regências cultas respeitadas, todas as concordâncias verbais e nominais, mas repleto de intolerância, de deboche, de sarcasmo, de concepções degradantes e por aí afora.”
Moisés Vicente e eu fazendo a festa na excelente exposição MENAS É MAIS
“A leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto para satisfazer um propósito ou finalidade” diz Isabel Solé no seu Estratégias de Leitura e é claro que tem razão. Lemos por uma infinidade de razões, desde a necessidade de informação, para cumprir tarefas de trabalho e até por entretenimento.Na compreensão do texto utilizamos nosso conhecimento de mundo, nossa sensibilidade.
Por entender que leitura é esse processo é que me incomodo quando me deparo com textos e comentários intolerantes, preconceituosos. Nem sempre sou compreendida quando escrevo algum texto nesse sentido todavia, devo esclarecer que não é nada pessoal mas como disse Martin Luther King “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.
Quando afirmo que não é nada pessoal é porque meus poucos e fiéis leitores e os que vez ou outra me honram com a interação nos meus textos, salvo uma exceção que tem objetivo definido e outro que se incomodou com um descuido meu na acentuação de uma palavra, são muito gentis, tolerantes e respeitosos tanto com os sentimentos que expresso quanto com meu jeito de escrever, mas não raro tropeço mesmo com gente fazendo observações pouco gentis e educadas e não consigo fingir que não vi, não li.
Não desconheço que a escrita de um texto é também um processo de pesquisa, de trabalho, como comparou o Mestre Graça com o ofício das lavadeiras aqui de Alagoas, mas também não é nenhum bicho de sete cabeças, nada que um bom dicionário e um editor de texto não dê uma boa ajuda.
Quero deixar claro que não vejo porque questões de ortografia comprometeriam a compreensão de um texto, seja ele poético ou não. Aprender e utilizar a grafia correta das palavras é processo também e ninguém nasceu sabendo escrever.
Quero deixar mais claro ainda que certamente o que me emociona e me interessa num texto não é o amontoado de palavras escritas com a ortografia segundo as regras da gramática, mas o sentido e o significado que atribuo ao que leio, por isso afirmo que o fragmento que trago aqui do livro Preconceito linguístico, o que é, como se faz (Ed. Loyola, 1999) do escritor e professor de Linguística do Instituto de Letras da Universidade de Brasília, Marcos Bagno, traduz o meu sentimento em relação a essa questão.
Fico imensamente feliz quando constato que quem lê o que escrevo age assim.
“(...) Vamos abandonar, portanto, a idéia (preconceituosa) de que quem escreve “tudo errado” é um “ignorante” da língua. O aprendizado da ortografia se faz pelo contato íntimo e frequente com textos bem escritos, e não com regras mal elaboradas ou com exercícios pouco esclarecedores.
Ao recebermos um texto escrito por alguém (ou ao ouvir alguém falar), vamos procurar ver, antes de tudo, o que ele/ela está querendo comunicar, para só depois nos preocuparmos com os detalhes de como ele/ela está se comunicando. Vamos fazer a nós mesmos as seguintes perguntas:
— Esse texto (ou esse discurso) é coerente?
— Traz idéias originais?
— Ofende algum princípio ético?
— É preconceituoso?
— Reproduz idéias autoritárias ou intolerantes?
— Mostra um espírito crítico e/ou criativo?
— Demonstra um senso estético?
— Comunica que sentimentos?
— Ensina-me alguma coisa?
— Desperta minhas emoções? Quais?
— ...
E assim por diante. Isso é que é educar: dar voz ao outro, reconhecer seu direito à palavra, encorajá-lo a manifestar-se... Sem isso, não é de admirar que a atividade de redação seja tão
problemática na escola.
Eu confesso que sinto muito maior prazer ao ler (ou ouvir) um texto cheio de “erros de português” — mas com idéias originais, inovadoras, coerentes, bem expressas —, um texto isento de preconceitos e de idéias rançosas, do que ao ler um texto com todas as vírgulas no lugar, com todas as regências cultas respeitadas, todas as concordâncias verbais e nominais, mas repleto de intolerância, de deboche, de sarcasmo, de concepções degradantes e por aí afora.”