DOMING É DIA...
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Por Carlos Sena


 
Hoje é domingo. Pede cachimbo? Não, pede missa, culto, oração. Domingo pede família junta, pede passeio ao parque, pede praia, pele amor. Domingo não é mesmo um dia qualquer, mas um sentimento solene de vida plena. Domingo é um dia cheio de intimidades: intimidade com o jornal, com uma boa música, um bom filme. Infelizmente, a sociedade de consumo deu meio que um golpe no domingo. Os shoppings centers das grandes cidades, funcionando de segunda a domingo, dão-nos a impressão de que o domingo perdeu sua liturgia... Por isto que no interior o domingo é mais sentido e compartilhado enquanto sentimento.  A missa dominical é muito concorrida. Também os cultos evangélicos, banhos de açude, passeios ecológicos e, principalmente o almoço com a família.

O domingo também nos convida ao colo, ao cafuné junto de quem amamos. Um sorvete no final da tarde! Ah como isto tem cara de domingo na Free Sabor, perto do colégio Salesiano na Boa Vista em Recife! “Nada melhor do que não fazer nada, só pra deitar e rolar com você” – essa musica deve ter sido feia por Rita Lee num domingo. “Tu és divina e graciosa, estátua majestosa, do amor por Deus esculturada (...)” – deve ter sido composta por Pixinguinha, também num domingo. Diante disto penso: em que dia compuseram as pérolas “na boquinha da garrafa, eguinha pocotó, onde a vaca vai, toda atoladinha, etc.? Talvez Michel Teló (Ai se eu te pego) possa responder.

Independente, o domingo será sempre ele, apesar de algumas nuvens negras que às vezes lhe tornam meio opaco. Mas logo se recompõe em cada rede que nos deitamos (domingo é dia de rede), em cada família que se reúne no almoço dominical. Outro lado do domingo é o da leitura de um bom livro, de um bom programa de TV, De arrumar o guarda-roupas, de se arrumar por dentro, tirando teias e traças de um passado que nos machucou, que nos torturou e nos condenou a solidão consentida... OU não. Domingo só não é dia de preguiça como dizem. Prefiro meus domingos sem leis. Sem minhas leis particulares: acordar na hora que eu quiser. Fazer tudo o que quero, beijar na boca, andar pelado em casa ou deixar que alguém o faça em mim. Ficar comigo. Outros dizem ficar sozinho. Prefiro ficar comigo, pelo livre exercício de que eu sou minha dor e minha delícia...  Deem-me licença que hoje é domingo, eu ainda estou na cama, mas tenho que retornar para Recife, após fim de semana em Bom Conselho. Fui.