Papo de turista
Não sou um andarilho dos mais arrojados, mas gosto de viajar. Sempre que posso, ponho o pé na estrada, e me mando. Viajar, já dizia o romancista baiano Afrânio Peixoto, "é viver mais". E é mesmo.
Quando não posso pôr o pé na estrada, divirto-me, lendo o que os outros escrevem sobre suas andanças por este mundo de meu Deus.
Adoro ouvir os amigos contando o que fizeram em Capri; na praia de Iracema; no Pantanal; nas ilhas gregas; ou o que viram nas estreitas e fascinantes ruas da californiana Carmel, que conheci, a caminho de Los Angeles.
Pena que não disponha sempre de grana farta para, vez em quando, dar um pulinho na serra gaúcha, no Caribe, em Fernando de Noronha, ou na paradisíaca serra de Guaramiranga, pertinho de Fortaleza.
Com grana curta, o jeito é ler ou reler, de Luis Fernando Veríssimo, Traçando Nova York, Traçando Tóquio, e Traçando Roma. E se desejar a capital francesa, ler, de Betty Milan, Paris não acaba nunca.
Folheando uma revista sobre turismo, soube da existência de um livro que tem este nome: Não vá a Europa. Seu autor é o norte-americano Chris Harris. Lá pras tantas, o gringo dá cinco motivos para o turista não ir ao Velho Mundo:
"1 - A Itália é um monte de ruínas imundas, os franceses são mal-educados e a Suíça é tediosa;
2 - Veneza é a única cidade do mundo onde os esgotos são atração turística. Em Pisa, os turistas se acotovelam para ver um erro arquitetônico;
3 - O dia da Espanha se divide assim: de manhã, sesta; de tarde, sesta;
4 - Três coisas são proibidas na Suíça: o barulho, as piadas, e a alegria. A única coisa a fazer lá, é olhar relógios, os melhores do mundo;
5 - Sempre há turistas palermas dispostos a engolir tudo o que não conseguem pronunciar. "Foie gras" é um escândalo: um reles patê de fígado."
E mister Harris dispara: "Deus cometeu um grave erro: pôs Paris na França."
Ora, ora, quem já foi à Europa, sabe muito bem que o senhor Chris não tem razão. A Europa não é o que ele aponta no seu discutido livro.
A Europa é a Gioconda; a Pietá; a Vênus de Milo; as catedrais de Florença e Veneza; as medievais Assis e Siena; a doce Sorrento; os museus londrinos, madrilenos e do Vaticano; o Louvre; os santuários de Fátima e Lourdes; os dengosos fados de Lisboa.
Relembrei, apenas, alguns lugares que o turista modesto - eu um deles - costuma visitar, nas suas limitadas e caras caminhadas pelo Velho Continente.
Que o inexperiente turista não se deixe levar pela conversa do esperto ianque. Vá a Europa, e curta, pra valer, as praias da ensolarada e deliciosa Andaluzia. Que tal um banho no mar da simpática Torremolinos?
Se for a Grécia, não deixe de ver, em Atenas, o pôr-do-sol, do alto das colinas do Lycabettus. Escolha Santorini para sentir a magia do belo Egeu, e imagine Poseidon dando formidáveis mergulhos nas águas, de um azul profundo, daquele mitológico mar.
Em París, pare para admirar, sem pressa, o charme da mulher francesa. Onde? no borbulhante Boulevard Saint Germain, tomando um cappuccino no Café de La Paix; ou, se preferir, um drique no Les Deux Magots.
Se você, caro leitor, é um cara romântico, abrace seu amor, e, à boquinha da noite, perambule, descontraído, pelas alamedas do Jardin des Tuileries.
Se estiver em Roma, faça o seguinte: Na Piazza Navona, tome um chope gigante; e na Fontana di Trevi, depois daquele suculento sorvete, jogue a moedinha na famosa fonte, e garanta seu retorno à Cidade Eterna.
Encerre o dia no Vaticano ouvindo, contrito, a milenar mensagem enviada, na hora do Ângelus, pelos sinos da Basílica de São Pedro.
Ora, Mister Chris, por favor!
Não sou um andarilho dos mais arrojados, mas gosto de viajar. Sempre que posso, ponho o pé na estrada, e me mando. Viajar, já dizia o romancista baiano Afrânio Peixoto, "é viver mais". E é mesmo.
Quando não posso pôr o pé na estrada, divirto-me, lendo o que os outros escrevem sobre suas andanças por este mundo de meu Deus.
Adoro ouvir os amigos contando o que fizeram em Capri; na praia de Iracema; no Pantanal; nas ilhas gregas; ou o que viram nas estreitas e fascinantes ruas da californiana Carmel, que conheci, a caminho de Los Angeles.
Pena que não disponha sempre de grana farta para, vez em quando, dar um pulinho na serra gaúcha, no Caribe, em Fernando de Noronha, ou na paradisíaca serra de Guaramiranga, pertinho de Fortaleza.
Com grana curta, o jeito é ler ou reler, de Luis Fernando Veríssimo, Traçando Nova York, Traçando Tóquio, e Traçando Roma. E se desejar a capital francesa, ler, de Betty Milan, Paris não acaba nunca.
Folheando uma revista sobre turismo, soube da existência de um livro que tem este nome: Não vá a Europa. Seu autor é o norte-americano Chris Harris. Lá pras tantas, o gringo dá cinco motivos para o turista não ir ao Velho Mundo:
"1 - A Itália é um monte de ruínas imundas, os franceses são mal-educados e a Suíça é tediosa;
2 - Veneza é a única cidade do mundo onde os esgotos são atração turística. Em Pisa, os turistas se acotovelam para ver um erro arquitetônico;
3 - O dia da Espanha se divide assim: de manhã, sesta; de tarde, sesta;
4 - Três coisas são proibidas na Suíça: o barulho, as piadas, e a alegria. A única coisa a fazer lá, é olhar relógios, os melhores do mundo;
5 - Sempre há turistas palermas dispostos a engolir tudo o que não conseguem pronunciar. "Foie gras" é um escândalo: um reles patê de fígado."
E mister Harris dispara: "Deus cometeu um grave erro: pôs Paris na França."
Ora, ora, quem já foi à Europa, sabe muito bem que o senhor Chris não tem razão. A Europa não é o que ele aponta no seu discutido livro.
A Europa é a Gioconda; a Pietá; a Vênus de Milo; as catedrais de Florença e Veneza; as medievais Assis e Siena; a doce Sorrento; os museus londrinos, madrilenos e do Vaticano; o Louvre; os santuários de Fátima e Lourdes; os dengosos fados de Lisboa.
Relembrei, apenas, alguns lugares que o turista modesto - eu um deles - costuma visitar, nas suas limitadas e caras caminhadas pelo Velho Continente.
Que o inexperiente turista não se deixe levar pela conversa do esperto ianque. Vá a Europa, e curta, pra valer, as praias da ensolarada e deliciosa Andaluzia. Que tal um banho no mar da simpática Torremolinos?
Se for a Grécia, não deixe de ver, em Atenas, o pôr-do-sol, do alto das colinas do Lycabettus. Escolha Santorini para sentir a magia do belo Egeu, e imagine Poseidon dando formidáveis mergulhos nas águas, de um azul profundo, daquele mitológico mar.
Em París, pare para admirar, sem pressa, o charme da mulher francesa. Onde? no borbulhante Boulevard Saint Germain, tomando um cappuccino no Café de La Paix; ou, se preferir, um drique no Les Deux Magots.
Se você, caro leitor, é um cara romântico, abrace seu amor, e, à boquinha da noite, perambule, descontraído, pelas alamedas do Jardin des Tuileries.
Se estiver em Roma, faça o seguinte: Na Piazza Navona, tome um chope gigante; e na Fontana di Trevi, depois daquele suculento sorvete, jogue a moedinha na famosa fonte, e garanta seu retorno à Cidade Eterna.
Encerre o dia no Vaticano ouvindo, contrito, a milenar mensagem enviada, na hora do Ângelus, pelos sinos da Basílica de São Pedro.
Ora, Mister Chris, por favor!