Izabel... Pensa na vida

"O que foi, Linda?... O que acontece contigo?... Fala amor meu!"...

Enquanto eu ouvia isso, nos ouvidos da memória... do ontem que é hoje, eu nem sei mais direito, se é dito toda hora, se já passa da meia- noite... Eu a observava:

Izabel estava pensando em quantas folhas rasgava por dia... ( e sou eu quem escrevo... Vai entender!)

Que valor tem isso! - dizia baixinho.

"Nasço, vivo e morro!... Será que dá samba...Será que canto no chuveiro..."

A vida é um espetáculo, Izabel- Tentei argumentar... Tem dança...Tem show... Tem um sorrisinho de lado...Tem os dedos que dedilham as cordas... Tem criança sorrindo...Tem um bichano ronronando... Tem estrelas...Tem lua... Tem um texto bem feito... Tem contornos de diálogos... Tem um pensar rascunhado no travesseiro...

_ Tá! Já chega!...

Izabel rabiscando, cochichando pra si mesma e tentando escrever... _ O que é vida... Que coisa mais esquisita!?...

Por quê...Para quê?...

As perguntas servem de bancada para possíveis não-respostas...

Se eu falar das flores que plantei, das sementes que lembrei, dos momentos que ainda nem criei...

Ah! Izabel anda aflita... Dobrou as páginas do meu livro... Riscou os cantinhos das páginas... Separou as folhas em branco... Apontou o lápis para a boca e lançou-se a deixar às entrelinhas...

_ Que coisa louca...Viver é tanto... Viver é pouco... Mas, devo lançar-me ao vento ou solidificar o cimento?... Se pisadas eu dou, se manco nas disparadas, se já sei que a queda será livre, por que adiantar os passos?... Que faço eu, nesta vida bendita!?... Ó, coração meio de drama, que canta nos meus ouvidos... Que me lança entre os lençóis!... Ó! Peito meu!...Quem diria que existem tantas marias para o mesmo Romeu!...

( os pares literários, nem sempre condizem na cabeça de Izabel... Julieta já morreu! rsrs)...

e continua... _ Ó! Quem disse que amar é fácil...Quem acha que amanhecer é dia...Quem disse que a vida é nostalgia!...

Arranca das minhas entranhas o perfume jogado...O sêmen da melancolia...

Retira dos seios o arrepio... da pele o calor da noite... Dos pés os chutes que eu dei...

Ai!... Como cansa tirar das letras o ritimo iluminado, o suor da face das linhas...De uma escorregada de sílabas...!

Aí! Cansei... Minha vida é correria...Quem disse que as linhas diriam que a vida é em cada uma, muitas e muitas em uma só margarida!

Perguntas de uma noite de calor... devameios Febre... Restos de palavras... Vai saber!...

O que pensar mais da vida, se os momentos são tão intensos dentro do peito?... Izabel, mais uma vez, surpreendeu-me.

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