Solidariedade (Espalhe esta semente)
Era um dia como qualquer outro em minha vida; havia acordado cedo, ido trabalhar mal humorado. Tratava as pessoas com um sorriso cínico, e uma falsa cordialidade tal qual um político dissimulado, mas não deixava a mascara cair, ─era ela que me mantinha─, precisava sustentá-la a qualquer preço, mesmo que isso custasse o pouco de amor próprio que me restava.
Às vezes encontrava-me absorto em meus próprios pensamentos, as idéias borbulhavam como lava flamejante. Continha-me em relembrar escritos de alguns autores antigos acerca da humanidade e sua imperfeição, e, também em criar o meu próprio conceito através da observância das pessoas que me cercavam. Todos me causavam um sentimento quase incontrolável de repulsa. Desde as patricinhas mimadas que passeavam pela calçada serpenteando cheias de si, até os pedintes que se encontravam sentados aos montes com a sua ladainha de sempre e sua tigela de esmolas. No entanto se me perguntassem qual dos indivíduos acima descritos eu suportava menos, com certeza responderia que é o primeiro.
Ás vezes condói-me o sofrimento dos mendigos que se amontoam nas calçadas; pergunto-me se eles não tiveram oportunidade e por este motivo encontravam-se naquela situação, ou se tiveram chance de uma vida razoável e jogaram fora. Freqüentemente, dou esmolas, embora não ache isso o certo continuo ajudando mesmo assim; o meu coração não resiste quando vejo alguém em tais circunstâncias. Alguns amigos repreendem-me por este ato; eles dizem que fazendo isto eu estou influenciando a ociosidade. Posso até estar contribuindo de certa forma para que eles continuem nesta situação, mas quando ajudo estou pensando no que eles terão para comer hoje, não no que esperarão amanhã. Quando pratico este ato não estou esperando o reconhecimento de ninguém, nem tão pouco a “medalhinha de bom samaritano que me dará um lugar no céu”, ajudo simplesmente por pura bondade.
Neste fatídico dia que lhes narro, aconteceu algo que mexeu bastante comigo. Do meu trabalho eu estava a observar uma criança que estava na calçada, era uma menininha, aparentava ter cerca de seis anos, mas julgando pelas condições em que vivia poderia ser bem mais velha. Esta criança chamou a minha atenção pelo que estava fazendo, ela estava com um caderno velho em mãos e uma caneta, que embora ela insistisse não pegava, esta cena levou-me a pensar; com certeza aquela criancinha nem sequer sabia escrever, e vítima do cruel destino que lhe foi dado ter, nunca viria a freqüentar a escola. No intuito de dar-lhe um pouco de felicidade, comprei uma caixinha de canetinhas coloridas e lhe dei, não era muito, mas era o que eu podia fazer para fazê-la sorrir. Comprei as canetinhas, e me aproximei aos poucos dela, notando a minha presença ela desviou a sua atenção do que estava fazendo e passou a me olhar, estendi a mão com as canetinhas e ela as recebeu, estava radiante. O brilho em seu olhar inocente encheu-me de alegria também; após receber as canetinhas ela me agradeceu, e eu voltei novamente ao meu trabalho. Agora com uma tranqüilidade que só um anjinho poderia proporcionar.
A criancinha brincou durante toda a manhã com as suas canetinhas coloridas, e eu estava sentindo o meu coração mais leve. Pouco antes de ir embora, ela veio ao meu trabalho e me agradeceu mais uma vez. Agora eu não tinha ganhado apenas o dia, mas também uma semana inteira de alegria em saber que pude contribuir com a felicidade de alguém.
Lembre-se, mesmo no auge do teu amargor, há sempre aqueles a quem o pranto é mais doído que o teu.
Neste dia, chegando em casa à noite escrevi um poema sobre este acontecimento, espero que gostem.
http://www.robertocodax.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=3140013
Era um dia como qualquer outro em minha vida; havia acordado cedo, ido trabalhar mal humorado. Tratava as pessoas com um sorriso cínico, e uma falsa cordialidade tal qual um político dissimulado, mas não deixava a mascara cair, ─era ela que me mantinha─, precisava sustentá-la a qualquer preço, mesmo que isso custasse o pouco de amor próprio que me restava.
Às vezes encontrava-me absorto em meus próprios pensamentos, as idéias borbulhavam como lava flamejante. Continha-me em relembrar escritos de alguns autores antigos acerca da humanidade e sua imperfeição, e, também em criar o meu próprio conceito através da observância das pessoas que me cercavam. Todos me causavam um sentimento quase incontrolável de repulsa. Desde as patricinhas mimadas que passeavam pela calçada serpenteando cheias de si, até os pedintes que se encontravam sentados aos montes com a sua ladainha de sempre e sua tigela de esmolas. No entanto se me perguntassem qual dos indivíduos acima descritos eu suportava menos, com certeza responderia que é o primeiro.
Ás vezes condói-me o sofrimento dos mendigos que se amontoam nas calçadas; pergunto-me se eles não tiveram oportunidade e por este motivo encontravam-se naquela situação, ou se tiveram chance de uma vida razoável e jogaram fora. Freqüentemente, dou esmolas, embora não ache isso o certo continuo ajudando mesmo assim; o meu coração não resiste quando vejo alguém em tais circunstâncias. Alguns amigos repreendem-me por este ato; eles dizem que fazendo isto eu estou influenciando a ociosidade. Posso até estar contribuindo de certa forma para que eles continuem nesta situação, mas quando ajudo estou pensando no que eles terão para comer hoje, não no que esperarão amanhã. Quando pratico este ato não estou esperando o reconhecimento de ninguém, nem tão pouco a “medalhinha de bom samaritano que me dará um lugar no céu”, ajudo simplesmente por pura bondade.
Neste fatídico dia que lhes narro, aconteceu algo que mexeu bastante comigo. Do meu trabalho eu estava a observar uma criança que estava na calçada, era uma menininha, aparentava ter cerca de seis anos, mas julgando pelas condições em que vivia poderia ser bem mais velha. Esta criança chamou a minha atenção pelo que estava fazendo, ela estava com um caderno velho em mãos e uma caneta, que embora ela insistisse não pegava, esta cena levou-me a pensar; com certeza aquela criancinha nem sequer sabia escrever, e vítima do cruel destino que lhe foi dado ter, nunca viria a freqüentar a escola. No intuito de dar-lhe um pouco de felicidade, comprei uma caixinha de canetinhas coloridas e lhe dei, não era muito, mas era o que eu podia fazer para fazê-la sorrir. Comprei as canetinhas, e me aproximei aos poucos dela, notando a minha presença ela desviou a sua atenção do que estava fazendo e passou a me olhar, estendi a mão com as canetinhas e ela as recebeu, estava radiante. O brilho em seu olhar inocente encheu-me de alegria também; após receber as canetinhas ela me agradeceu, e eu voltei novamente ao meu trabalho. Agora com uma tranqüilidade que só um anjinho poderia proporcionar.
A criancinha brincou durante toda a manhã com as suas canetinhas coloridas, e eu estava sentindo o meu coração mais leve. Pouco antes de ir embora, ela veio ao meu trabalho e me agradeceu mais uma vez. Agora eu não tinha ganhado apenas o dia, mas também uma semana inteira de alegria em saber que pude contribuir com a felicidade de alguém.
Lembre-se, mesmo no auge do teu amargor, há sempre aqueles a quem o pranto é mais doído que o teu.
Neste dia, chegando em casa à noite escrevi um poema sobre este acontecimento, espero que gostem.
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