Amantes e amadas
               famosos




                                   Ame o Amor
                                         Henry Drummond


          Para ler no carnaval, comprei alguns livros. Cito três: "João Goulart, Uma biografia", do Jorge Ferreira, "Em algum lugar do passado", do Luis Fernando Veríssimo e "Cartas de Amor de homens notáveis", editado por Ursula Doyle, que não conheço.
          Interessaram-me, de pronto, as cartas de amor. Por isso resolvi não esperar pelo carnaval para saboreá-las, depois de fazer esta pergunta: por onde andam os missivistas apaixonados? De belas declarações de amor do próprio punho; assinadas?
          O livro pede atenção para os "romances protagonizados por personalidades influentes da História". Como Lord Byron, Beethoven, Gustave Flaubert, Victor Hugo, Honoré de Balzac Mozart e Henrique VIII, entre outros, igualmente  notáveis.
          Recordemos o que saiu da pena enamorada de alguns desses gênios da Literatura e da Música. Ou seja, o que eles disseram pra suas amadas ou amantes, algumas delas casadas!
          Ludwig van Beethoven (1770-1827) escreveu para uma mulher que ele chamava de "Amada Imortal" frases com estas: "Em lágrimas, anseio por ti, minha vida, meu tudo, adeus. Oh! Não deixes de me amar e jamais duvide do coração mais fiel - do teu amado L. Para sempre vosso/ Para sempre minha/ Para sempre nosso."
          O interessante é que nunca se soube, com absoluta segurança, quem era a "Amada Imortal" que mereceu frases tão carinhosas do iluminado Beethoven.
          Suspeita-se que essa mulher escondida era a vienense Antonie Brentano, "casada com um comerciante de Frankfurt".
           Victor Hugo (1802-1885) teve dois amores. O primeiro foi Adèle Foucher. 
          Abrindo uma carta que enviou à amada em janeiro de 1820, Hugo declarou: "Sim, podes fazer de mim o que quiseres..."
          Em outro momento da mesma carta: "Adèle, meu anjo adorado. Queria prostrar-me diante de ti como diante de uma divindade."
          E em seguida: "Dorme bem e deixa que teu marido receba os 12 beijos que lhe prometestes, além daqueles ainda não prometidos."
          Tiveram cinco filhos mas não foram fieis um ao outro. Enquanto Adèle, em 1831, mantinha um romance com o famoso crítico Saint-Beuve, em 1833, o autor de O corcunda de Notre-Dame se
apaixonava doidamente por Juliette Drouet, com quem viveu até sua morte, em 1882.
           Honoré de Balzac (1799-185) correspondeu-se durante anos com Ewelina Hanska, casada com um proprietário rural da Polônia. 
          Ewelina enviuvou. E, em março de 1850, casou com o autor da Comédia Humana.  Em agosto do mesmo ano, Balzac morreu.
          Nas cartas que escreveu para Ewelina, ele disse: - "Oh, minha muito amada Eva, dia dos meus dias, luz das minhas noites..."
          - "Ah! Aspirar o aroma dos teus cabelos, segurar tuas mãos, apertar-te em meus braços - é daí que vem minha coragem."
          - "Um beijo, meu anjo terrestre, um beijo saboreado lentamente e, depois, boa noite."
          Fica o meu leitor à vontade para escolher o melhor dos três galanteios. Eu fiz minha escolha, mas "nem às paredes confesso".
           Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) teve também uma paixão, não sei se a maior...
          Amou Aloysia Weber, mas foi por ela literalmente abandonado. Os anos correram, e Mozart casou-se com Constanze, irmã mais nova de Aloysia.
          Para Constanze, numa carta escrita em abril de 1789, Mozart fez esta declaração, que vale ser transcrita: "...fiques absolutamente segura do meu amor. Até o presente momento não escrevi nunhuma carta para ti sem ter diante de mim teu amado retrato." 
          Em outra missiva, encrita em 6 de junho de 1791, a certa altura, disse Mozart à sua dileta Constanze: "Adeus, meu amor, meu único amor. Pega no ar (achei lindo!) os 2999 e 1/2 beijinhos meus que estão por aí, esperando que alguém os capture." Será que Constanse se parecia com Aloysia, sua irmã? Quem sabe.
           Lord Byron (1788-1824) amou duas mulheres, ambas casadas. Lady Caroline Lamb, a primeira, para quem escreveu muito pouco. E  a Condessa Guiccioli, italiana. Em carta datada de 25 de agosto de 1819, disse Byron à condessa: "Pensa um pouco em mim quando os Alpes e o oceano se interpuserem entre nós; mas eles nunca o farão, a menos que tu queiras."
          Num tópico dessa mesma carta, tecendo considerações sobre a palavra amor, disse Byron: "Nesta palavra, linda em todas as línguas, e principalmente na tua - amor mio - se resume a existência nesta vida e na outra vida."
          Nosso Byron foi um namorador romântico, apesar do seu comportamento na sua época tido como merecedor de críticas e reparos. A ponto de não ser permitido o seu sepultamento na Abadia de Westminster.
           Gustve Flaubert (1821-1880) concentrou, na pessoa de sua mãe, todo o vigor do seu amor.
     Mas, mas andou de romance com duas mulheres, uma das quais de relevo na literatura mundial: nada menos do que a escritora Amadine Aurore Lucile Dupin, que adotou George Sand, como pseudônimo.
          Numa carta para Sand, lamentando a morte de um amigo, revelou: "Essa perda vem se somar a outras. Como guardamos em nossos corações essas almas que se foram! Cada um de nós carrega dentro de si, sua necrópole."
          Foi, porém, para Louise Colet que, numa missiva, Flaubert escreveu este primor de frase: "Às vezes tento imaginar teu rosto envelhecido e me parece que te amarei tanto quanto, ou talvez até mais, do que te amo hoje."
          Não é que esteja cansado.  Nunca se cansa quando se escreve sobre o AMOR, o sumum bonum, assim considerado por Paulo, em sua carta aos Coríntios.
          Prometo voltar, numa oportunidade próxima, com mais amados e amadas célebres, no bojo de outras crônicas, tão descontraídas como esta. 
           Mas, para fechar esta página, (talvez mais apropriada para celebrar o Dia dos Namorados), queria recordar o amor de Henrique VIII (1491-1547por Ana Bolena. Sensacional!
          Resumindo. Casado com Catarina de Aragão, Henrique VIII não resistiu aos encantos de Ana. Fez tudo para convencer o papa a conceder-lhe o divórcio, mas não conseguiu. Rompeu com a Igreja Católica, sua Igreja, e fundou a Igreja Anglicana. 
          Em 1533, Ana e Henrique se casaram. Ana, indiferente ao amor que lhe devotava o soberano inglês, aplicou-lhe alguns pares de chifres.  
          Vários homens frequentaram sua cama.
          Condenada como adúltera, Ana Bolena foi decapitada, na Torre de Londres.
          Henrique teve seu casamento anulado com a finada e não perdeu tempo: desposou seis mulheres, entre elas, Jane Seymoor, que lhe deu um filho, Eduardo VI, da Inglaterra.
          Um detalhe: apesar de tamanha infidelidade, somete Ana Bolena recebeu uma cartinha do apaixonado rei, que, entre outras coisas, não hesitou em colocar a mulher amada acima de seus credos...
          O que ele disse a ela? Leiam o livro.
     
     
 
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 14/01/2012
Reeditado em 04/11/2019
Código do texto: T3440220
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