Será?

- Lelê, gostei daquele texto do arroz lá naquele site.
- Então me dá uma sugestão de tema pois ando meio sem inspiração.
- Ah, não sei...Escreva sobre infância. O que mudou comparando a sua época com os dias atuais do meu filho? Você lembra?

Embora minha sobrinha tenha tentado amenizar dizendo que há lacunas da própria infância que ela mesma não consegue se lembrar, ficou o desafio na pergunta final. Claro que lembro, afinal o que são 59 anos face à imensidão dos séculos ?

Não acredito que escrevi isso...

Mas, vamos lá...Se tirarmos umas poucas coisas que os mais rigorosos chamariam de "tudo", sobra o que? 

Ah, sobra ainda o andar descalço e sem preocupação, a paz adormecida, um por que que não tem fim.  Até o choro é o mesmo, só que vai uma grande distância do "O que será que esse menino tem?" de hoje vs o " Deixa! É manha" de antes. O sorriso e a indiferença sinceros, a esperança no olhar, a folha em branco, o abençoado vazio.

Sobra, e de sobra, esse estado tão fugidio que deixamos escapar prá nunca mais:  a inocência.

Então, como hoje, nessa idade a miséria inexiste e nem se foi apresentado à injustiça. Tudo ainda pode ser mudado...

No mais, aparência. A tela em que ele viaja hoje para encontrar o gato, o cachorro... difere tanto assim do olhar que eu clicava para ouvir o grã-fino e a gata manca?    

Aliás, desculpem mas tenho que interromper. É que tem um gato latindo e um cachorro miando aqui na minha memória. Acho que alguém apertou por engano a tecla "shuffle", sei lá...

Leo 


Leonilsson
Enviado por Leonilsson em 13/01/2012
Reeditado em 07/01/2013
Código do texto: T3439347
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