O Exercício da profissão de Jornalista
 
É interessante a discussão sobre a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de Jornalista. Li atentamente várias opiniões expostas num fórum na minha Pós-Graduação em Jornalismo Político. E, confesso que embora fazendo uma Pós-Graduação na área de jornalismo, sinto-me ainda incompetente para discutir esta questão. Longe de mim a intenção de inflamar ânimos antagônicos e muito menos criticar a posição de quem quer que seja. Apenas quero aqui neste espaço exercer o meu direito democrático de concordar ou discordar com algumas opiniões marcando a minha posição, o meu pensamento a respeito dessa polêmica questão.
Posso dizer que exerço o jornalismo desde os dezesseis anos de idade, quando ainda interno numa escola marista em Santa Maria – RS, criei um Panfleto informativo do Grêmio Literário “Casemiro de Abreu” do qual fui presidente na Escola Industrial Hugo Taylor, em 1966. Era meu sonho de menino escrever notícias, contar histórias. O tempo passou, mas essa vontade de me expressar através da escrita sempre esteve presente na minha vida. Depois, quando Militar ainda, em Santa Maria, trabalhei na divulgação de um boletim informativo do Grêmio dos Sub-Tenentes e Sargentos. Transferido para Corumbá-MT, criei no 17º Batalhão de Caçadores o Jornalzinho chamado “O Bizu”. Nele colocava os anseios da classe, pedia providências ao comando, contava piadas, elogiava atitudes de colegas e aconselhava outros a seguirem o caminho certo, enfim todos aguardavam ansiosos, o lançamento das várias edições de “O Bizu”.
Depois de muitos anos, já aposentado, voltei a me dedicar ao jornalismo no rádio quando editava e apresentava o programa “Rádio repórter Santana” (Rádio Jornalismo) com 30 minutos de duração e “Minuto Ecológico” (Crônica diária que durava um minuto, sobre meio ambiente e ecologia) em uma rádio clandestina (Rádio Santana FM), baseado nas notícias publicadas na televisão. Quando a rádio foi fechada pela Anatel fiquei sem trabalho, resolvi então criar o Jornal “Extra” que teve somente três edições. Muitas vezes amanhecia o dia na frente de um computador com 10 Gb de HD e 90 MB de Memória RAM. Imaginem. Não tinha estrutura, não tinha recursos, não sabia como funcionava. Depois de anos, na ânsia de dotar minha pequena cidade de um pequeno jornal onde pudéssemos colocar a nossa história criei o “Jornal Opinião” que ainda existe. Já editei 45 edições. Hoje o jornal opinião tem um Blog e é editado virtualmente.
Confesso que fiquei feliz quando o Supremo afirmou não ser mais necessário o diploma de curso superior em jornalismo para o exercício da profissão, mas, não me acomodei, pois sabia e sei que essa decisão ainda pode ser revertida com a criação de novas leis e exigências. Busquei a formação de nível superior formando-me em Letras. Fiz vários cursos profissionalizantes ligados à área de jornalismo, como cursos de informática, jornalismo na web, fotografia digital, redação jornalística e por fim estou cursando a Pós-Graduação em Jornalismo Político. Exerço a função de Assessor de Imprensa da Prefeitura Municipal de Santana onde entre outras coisas administro o conteúdo noticioso do site oficial do governo municipal fazendo todo o trabalho de cobertura fotográfica dos eventos, redação de textos, e sua consequente publicação na internet.
Talvez, a partir da conclusão do curso de Pós-Graduação em jornalismo político eu passe a defender a exigência do Diploma, pois passarei a ser de fato e de direito um jornalista com formação superior. Mas, atualmente concordo com o Doutor Honoris Causa Roberto Civita quando diz em seu discurso: “Ou melhoramos a escola, ou todo o resto da discussão fica comprometido. É um desafio que precisamos começar já”. E talvez mais ainda com a seguinte passagem de seu pronunciamento: [...] “um caminho que incluísse a criação de cursos de jornalismo em nível de pós-graduação, abertos a graduados em qualquer especialidade, que ensinassem - num único ano letivo intensivo - as técnicas, bases éticas e história do jornalismo. Notem que não eliminaria os cursos de jornalismo existentes. Apenas criaria alternativa que contribuiria para enriquecer e fortalecer - intelectualmente - todas as redações do país com os conhecimentos trazidos por jovens formados em direito, engenharia, biologia, informática, medicina, história, artes, arquitetura, economia e dezenas de outras especialidades.” Perfeito. Encaixa-se no meu pensamento.
Por essa e outras razões acho que a discussão sobre a exigência ou não de diploma para o exercício da profissão de jornalismo é corporativa e infundada. Vamos à luta se quisermos ser respeitados no mundo dos jornalistas. Busquemos formação superior cursando uma Pós-Graduação na área de jornalismo.