MEU INESQUECÍVEL AMIGO

Crônica MEU INESQUECÍVEL AMIGO

Era mais que amigo, aquele que agora estava ali, impossibilitado de pensar, de mover-se, de reagir. As desgraças de um dia mau o fizeram como vítima de sua próprias escolhas.Marinete o amava com todo ardor,toda paixão acumulada,mas ele não reconhecia assim,ele só se interessava pelas más companhias ,pelo vicio,pelas drogas,pelo álcool.Meu amigo tinha apenas vinte anos de idade,mas ele disse-me que aos doze anos já se drogava,tudo influencia de amigos da sua escola.Seu maior defeito era ser brigão,competia com os outros colegas os mil cigarros que fumava,isto talvez fosse pra chamar a atenção da mãe que passava o dia inteiro trabalhando em casa de família.O pai,bebia e como não beber? Vivia desempregado, não podia sustentar seus filhos e desabafava assim numa garrafa de bebida que o jogava pelas calçadas da vida, muitas vezes a pobre mulher ia buscá-lo com ajuda dos filhos ou de pessoas que estavam passando por perto.

Meu amigo tivera sim um grande amor; debruçava-se pelos bares sem pelo menos ter dinheiro para pagar a bebida, mas havia sempre alguém que lhe pagava a conta do bar. Quando eu estava por perto,ele não ficava órfão.Os estudos ele tinha abandonado, seu maior amigo era eu, que nunca o criticava, não o censurava,compartilhava sempre com ele alguns trocados e dava-lhe um prato de comida para saciar-lhe a fome de três ou quatro dias .Agora, inerte, morto, alguém que pra muitos nunca chegou a existir,outros o viram mas nunca o conheceram verdadeiramente, outros o conheciam mas fugiam da sua amizade promiscua,seus vícios e seus prazeres não deveria ser o prazer de jovens de sua idade. Viveu pouco porque esquecera de aproveitar as únicas oportunidades que tivera, seu irmão mais velho morava no sul,vivia em boas condições e o chamava para morar com ele,mas não,sua vidinha era ali,naquele lugar,onde ali ele esquecia de viver e mesmo com vida perdia a vida por não saber viver.Por causa de uma brusca fatalidade aquele jovem perdera a vida,perdera a chance de usufruir da vida e de suas armadilhas.Muitas vezes eu invejava sua coragem de querer fazer sem pensar nas conseqüências, sem temer o futuro ou se preocupar com o que os outros iriam pensar. Sua namorada ou quase namorada, andava á sua procura, e o que mais a preocupava era a maldita bebida e o cheiro forte de cigarro nas suas roupas,ele decerto prometia-lhe que iria deixar de fumar,e largar o vicio que o martirizava,eram tantas as marcas das agulhadas que deixava roxo seus braços.Despediu-se de mim, eu jamais o deixaria ser enterrado como qualquer um, gastei todo meu salário com seu enterro fazendo o melhor para ele..tão jovem!Acabou-se. Eu joguei em seu caixão a ultima porção de terra e disse adeus a um inesquecível amigo. Maravilhoso amigo, ele também tinha suas qualidades.Pela primeira vez fiz algo para os outros sem pensar em mim mesmo.

ARTESGS
Enviado por ARTESGS em 12/01/2012
Código do texto: T3435921