Face no Desfiladeiro
A hélice do ventilador escapou e veio em sua direção. Era uma hélice negra, a rodear tortuosa feito bumerangue. Correu desesperada e só parou no desfiladeiro. Era um desfiladeiro monstruoso, cheio de pedregulhos e mármores. Lá em baixo via um nada, e como gostava do nada. O nada sempre lhe inspirou. Tinha também um espelho em seu caminho, e no caminho se viu nua. Se viu como era bela, se viu como era pura. Os pelos pubianos, os pelos da face, os pelos da axila, os pelos do pelo mal brotavam. Mal arregaçavam a pele úmida. Seus braços eram frágeis como porcelana. Tudo era apenas um sonho em vida, ou era a vida sonhada, ou tudo não era nada. Acordou e se viu dormindo, quando o sonho desmoronou no pedregulho. E enfim se foi.