Sobre relacionamentos, desilusões e afins...
Hoje eu vi uma reportagem na internet que me deixou deprimida.
A história é mais ou menos assim: Uma moça conheceu um rapaz em uma viagem a Ibiza, ficou completamente apaixonada, eles ficaram juntos, se beijaram, etc e tal. Imagino que tenha sido perfeito como no cinema. Então ele pediu o número de seu telefone. E ela, por descuido, passou o número errado.
Quando voltou à sua cidade e se deu conta de sua distração, arrependida, se desesperou. Precisava encontrar aquele rapaz que a deixou nas nuvens, embriagada de paixão. Mas pouco sabia sobre ele. Recorreu então à ajuda de amigos e redes sociais. O caso criou uma repercussão mundial e o rapaz finalmente foi encontrado. Porém a decepção foi gigantesca.
A reportagem diz que o moço chamado Martin enviou um e-mail para a campanha Find Martin no Facebook, alegando estar lisonjeado, mas que não poderia corresponder aos sentimentos de Julia. Isso porque o rapaz havia reatado com uma ex-namorada (não sei por que isso me soa tão familiar) após as férias em Ibiza. “Eu tenho que dizer que achei tudo isso hilário, e estou muito lisonjeado. Espero que Julia não tenha ficado constrangida por causa de alguns comentários negativos”, disse Martin.
Peraí. Ele disse hilário? Eu imagino que deve ter dado umas boas gargalhadas às custas da pobrezinha. Além disso, ele aparece em várias fotos rodeado de mulheres e copos de cerveja nas mãos.
Com certeza essa moça deve ser viciada em filmes de comédia romântica, assim como eu. Mas na vida real é diferente. Na vida real acontece exatamente assim. A mocinha vai se apaixonar pelo sujeito cafajeste, baladeiro, que só quer curtir e se embebedar (lógico que existem raras exceções, mas não vem ao caso agora).
Pobre Julia, fiquei com pena dela. Ela expôs seus sentimentos para depois virar motivo de críticas e chacotas de todo mundo, já não bastasse o fora que levou.
Por outro lado, sejamos honestos. Não podemos esquecer que ela passou o número de telefone errado. Ele pode ter tentado ligar, explicar a situação. Na verdade nunca saberemos, apesar de ele alegar que de fato tentou lhe telefonar.
O que me chamou a atenção também é que pela idade, 33 anos, ela já deveria imaginar que não existe príncipe encantado muito menos amor à primeira vista. Ela poderia ter evitado essa decepção se simplesmente deixasse pra lá. Mas quem sou eu para julgar? Tenho 31 anos e ainda acredito em conto de fadas e já fiz algumas coisas parecidas, lógico que não com essas proporções.
Então, baseada nessa bela história de desilusão, misturada com minhas próprias desilusões amorosas resolvi fazer essa reflexão.
Eu aprendi com isso, como eu acho que a Julia também aprendeu. Demonstrar demais os sentimentos assusta as pessoas. É triste, mas não estamos acostumados com excesso de amor. Descobri que devemos demonstrar o que sentimos aos poucos, uma dose por dia.
Existem homens, como eu acho que é o caso deste tal de Martin, que não estão interessados em nada além de curtir com pobres mocinhas românticas e sonhadoras ou nem tão românticas e sonhadoras, apenas mulheres soltas e independentes que também querem curtir (normalmente eles preferem essas, mas de vez em quando é bom variar né? ). Quando elas se apaixonam, eles normalmente não sabem o que fazer nem como agir, normalmente fogem e procuram outra vítima. São cruéis sim, sem coração. Mas também sofrem por isso, pelo menos eu acho que devem sofrer em algum momento, ou será que não?
Mas existem homens que têm sentimento, que são sérios e honestos e procuram alguém que os faça feliz pra sempre. São sensíveis e sinceros, acreditam no amor e também se apaixonam, só que no tempo deles. Se a moça faz algo do tipo que a Julia fez, ou escreve poemas de amor, serenatas, manda flores ou cesta de café da manhã com um cartão amoroso, enfim..se ela demonstra demais seu interesse e paixão ele se assusta. E o medo nos leva a fazer e dizer coisas que não sentimos, não queremos. O medo nos impede de agir e até de confessar que estamos com medo. Apesar de gostar da moça e estar realmente interessado, ele não sabe se poderá corresponder na mesma proporção e pode inventar desculpas ou mesmo fugir sem tentar.
Não culpo esses homens. Isso também acontece comigo. Da mesma forma que uma mulher muito apaixonada pode assustar um homem, um homem loucamente apaixonado pode assustar uma mulher. Confesso que a mim eles assustam.
Além do mais, pode até ser que ela não esteja tão apaixonada como parece. Pode ser que ela esteja apaixonada pela idéia de viver um romance e não pelo príncipe.
Não sei se estou falando um monte de besteiras, mas é o que eu penso. Depois de ler milhares de livros sobre relacionamentos, auto-ajuda e comédia românticas.
Relacionamentos são complicados mesmo. Pessoas são diferentes e é por isso que são tão encantadoras, não existe ninguém igual.
Apesar de não ser mais nenhuma adolescente bobinha e sim uma mulher de 33 anos, Julia seguiu seu coração. Fez o que achou que deveria fazer, quebrou a cara, se magoou, sofreu. Mas tentou. E quando se trata de amor ninguém perde. Você sempre ganha outra chance para recomeçar, encontrar outra pessoa que vai se apaixonar por você também e te fazer feliz. Pelo menos é assim que deve ser né?
É o que dizem, acho que eu acredito.