A Criança e os Fenômenos da Natureza

“... Santo muito recomendado acaba caindo do andor...”

Acho que como contador de “Causos” posso contar com algumas prerrogativas que são concedidas aos poetas. O poeta pode contar com a imaginação e o contador de “Causos” com a criatividade. Ninguém é obrigado acreditar que a Lua está mais bela só porque o poeta está apaixonado. Mas também ninguém é obrigado ficar deslumbrado com a beleza da cena de crianças brincando na enxurrada numa quente tarde de verão. Daí minha liberdade. Temo que acreditem que estou pregando contra os preceitos da vigilância sanitária. Mas os poetas também devem temer de levar um “pito” dos astrônomos. Não quero aqui dizer que brincar na enxurrada é bom ou ruim para a saúde. Como não sou especialista, prometo discutir o assunto do “Causo” a seguir com meu compadre Donato, renomado Biólogo e Professor aposentado em Ilha Solteira. Aproveitarei ainda para ouvir também o Professor José Hernandes Argentin, formado em História Natural, pedagogo, aposentado como especialista em Educação. Eles poderão me explicar até que ponto os seres vivos adquirem resistência contra as agressões do meio ambiente. Num outro aspecto prometo também consultar outro conhecedor do assunto em vigilância sanitária. Trata-se Carlos Salgado, Médico Veterinário, especialista em nutrição animal, criador de suínos, candidato a pai de alguns de meus futuros netos e acima de tudo Mineiro. O “Causo” em questão foi lembrado quando no próximo passado seis de Janeiro (dia Santos Reis), no final da tarde, depois duma enorme pancada de chuva, que refrescou o infernal calor que fazia. Ao passar no patrimônio de Roseta o que tinha sobrado da pequena intempérie era apenas “um exurradão”. E dai o belo espetáculo: Um grupo de umas 8 crianças, entre meninos e meninas e de três de seus cachorros (2 bragados e um malhado).Brincavam na enxurrada. Se o caro leitor ainda não presenciou uma cena de absoluto prazer e de extrema alegria, perdeu a oportunidade.

Mas o “Causo” é o seguinte: No inicio do século passado minha “Vó Portuguesa” morava em Igaraçu do Tietê. Tinha 8 filhos (6 meninos e 2 meninas). Eram criados como a Natureza gosta. E entre as “artes” estava a brincadeira na enxurrada. Um médico, vizinho seu, achava bonito, mas não desejava esse hábito para seus futuros filhos, já que tinha casado recentemente. O primeiro nasceu com todo cuidado no hospital. Banho com água filtrada e mamadeiras esterilizadas com rigor. As Babás usavam luvas e máscaras. Aos seis meses faleceu de uma estranha infecção intestinal. O segundo, com o mesmo tratamento não passou dum ano e meio. Foi vítima de um outro mal que não me lembro, até porque a morte nunca leva a culpa de nada. Então uma insólita decisão foi tomada: se vierem outros, vão brincar na enxurrada com os filhos da D. Maria Portuguesa. Pode ser coincidência, mas dois robustos meninos e uma bela menina ajudaram aumentar a algazarra nas tardes de verão depois um uma “forte pancada” de chuva. (oldack/08/01/012) XXX

Oldack Mendes
Enviado por Oldack Mendes em 11/01/2012
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