Explicações dadas...

Queridos companheiros de letras, metáforas e devaneios, antes de começar sinto que devo explicar. Não é muito comum para mim, sair por aí dando explicações sobre meus atos, principalmente quando o “por aí” atingi um número incalculável de pessoas, aliás, sempre fugi das explicações, incomodam-me as perguntas tipo: onde esteve? Para onde vais? Quanto tempo ficará?... Enfim, sou adepta aos comportamentos libertários, sem muitas explicações, liberdade de ir e vir sem registrar passos, sem culpas enfadonhas ou cautelas demasiadas. Mas voltando as explicações (quase as esqueço), sinto-me cobrada, não por outro se não eu mesma, a explicar a lacuna deixada neste espaço durante esses longos, solitários e vazios meses. Perdoem-me o tom piegas, mas eu avisei que não sei dar explicações. A questão é que estive afastada por um tempo desse canto que venho construindo a cada reflexão severa, banal ou irônica compartilhada despretensiosamente com vocês. Refletindo agora sobre o que me manteve afastada, sinto-me, talvez, ( ) em compartilhar o fato. Força do hábito, no entanto, lá vai: o segundo semestre de 2011 foi, digamos, difícil. Usei e abusei do meu corpo. Não. Não é nada disso. Não ganho a vida usando meu corpo. O que quero dizer é que ultrapassei seus limites. Trabalhei demais, preocupei-me demais, estressei-me demais, briguei demais, comi demais, enfim... O “mais” passou a ordenar meus passos e eu os seguia sem mais nem menos. O problema, amigos, é que temos limites e prazo de validade. Aliás, devo ter abreviado em demasiado o meu. Quando meu corpo percebeu essa corrida descabida resolveu desacelerar. Sabem como se interrompe uma corrida? Exatamente, fiquei com os pés inchados durante algum tempo. A corrida passou a ser outra, em corredores de hospitais. Com os pés inchados não sobram muitos programas a fazer, então a cama foi minha companhia por longos dias. Após visitas (forçadas) a vários especialistas, tive um diagnóstico satisfatório, estava com um processo infeccioso causado por uma bactéria que havia se alojado no meu pé. Que coisa estranha! Um ser quase invisível me causando tanto tormento. Bem, estranho ou não, os antibióticos me trouxeram de volta à rotina. Ah! Mas esse não foi o único probleminha nesse meio tempo, outros diagnósticos também deram o ar de suas graças deixando a minha vida menos engraçada . Mas não quero aqui ficar desfilando minhas mazelas, que, aliás, nem minhas são, já que não mais as possuo. Fato é que me afastei de todos os prazeres carnais e espirituais nesse período, portanto, meus escritos ficaram caídos em algum cantinho em meio às idas e vindas patológicas e só foram encontrados agora. Devem estar pensando que não escrevo com os pés. É verdade, ainda não desenvolvi tamanha habilidade, quem sabe um dia... Por hora o que lhes digo é que o romantismo nunca foi o meu estilo preferido e dores não me inspiram. Bom, explicações dadas... Vejamos... Vou falar sobre... Já falei. Eu juro que explicações eram para ter ficado só no início. Eu juro!

LenaCilene
Enviado por LenaCilene em 11/01/2012
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