Dona Rosa Magalhães- a Rosa Imperecível (nome imortal na Educação do sertão da Bahia)
28/04/2010 Dona Rosa Magalhães não morreu, porque a vida eterna, a imortalidade é dos que defendem os pobres. É inadequado dizer-se que ela descansou, já que Dona Rosa Magalhães nunca demonstrou cansaço.
O trabalho para ela era a felicidade, tanto é assim que, nos seus últimos momentos, continuava no posto de professora, dando lições de amor ao próximo, lições de humanitarismo; pedindo que se construa uma clinica simples, modesta - enfatizava - lá para aquelas famílias que tinham filhos na escola do carente Bairro da Macambira. De modo que, a frase latina do "requiescat in pace!" (que descanse em paz!) não se lhe aplica em absoluto. Primeiro, porque ela não estava cansada e, segundo, porque nunca foi no descanso que Dona Rosa buscava a paz e sim no trabalho, na labuta em favor dos pobres, pois assim é que se obtém a paz de espírito, a paz da consciência do dever cumprido; a paz dos que lutam e por isso mesmo não temem a morte. Cruzam com esta e nem tomam conhecimento; como se a morte não existisse . Ignoram-na. Tanto é assim que a agonia de vários dias Dona Rosa passou-a conservando na mais completa lucidez, fazendo sinceras e profundas declarações de amor aos seus alunos e ex-alunos que atenderam ao seu último chamamento, à sua derradeira chamada; pedindo-lhes abraços e distribuindo beijos à face daqueles que mais trataram de honrar a figura impoluta da mestra. Lindo! Era como se quisesse dar suas últimas aulas sobre a forma correta, a verdadeira forma de morrer dos justos, daqueles que se entregam as causas dos despossuídos, sem esperar recompensas.
Dona Rosa Magalhães foi uma Dolores Ibarrure cabocla, uma "Pasionaria", pois aquela morreu numa idade desta e, como esta, foi, até em seus últimos momentos, uma combatente, uma lutadora inflexível em favor dos humildes, dos mais pobres.
Que seus alunos sejam iguais a ela, incansáveis na liça contra a ignorância, defendendo concretamente os direitos dos pobres à escola, à cultura. Que tratem de imitá-la, se acaso aspiram à vida eterna, ou seja, à condição de imortal da saudosa Profª. Rosa Magalhães - a mais abnegada educadora de toda a Bacia do São Francisco - a Rosa Imperecível.
Por Clodomir Morais