O direito de morrer

Crescemos em uma sociedade, cuja cultura moderna sempre defendeu sistematicamente o direito à vida. Todas as pessoas tem direito a viver, com um mínimo de qualidade, a qual lhe assegure uma vida, como alimentação dígna, moradia, saúde e educação.

Mas então se estamos falando de "direito à vida" isto implica que viver deve ser um benefício disponível e não uma obrigação. É nesse ponto que eu quero chegar. Se é direito à vida, seríamos capazes de dizer que o ser humano também tem direito à morte?

Claro, a morte é uma inevitável consequencia da vida. A forma na qual ela é encarada varia, de acordo com as sociedades e culturas. Alguns a consideram como um rito de passagem. Outros que é apenas o fim de um ciclo e nada mais, sem volta.

Em dado momento, pessoas creditam sua fé em supostos destinos ou "karmas", como se o dia da morte de alguém já estivesse pré-determinado.

Se assim fosse não precisaríamos mais de policiamento, regras de comportamento, segurança ou médicos, pois caso o indivíduo esteja programado para morrer com trinta anos assim será. Se forem oitenta anos, nada pode ser mudado. Questões como leis de trânsito seriam então desnecessárias.

Mas como explicar casos de doenças incuráveis, como o câncer por exemplo.

No filme "My Sister's Keeper" é retratado exatamente este tema. A família lutou com todas as suas forças para salvar sua filha Kate, portadora de leucemia, chegando ao ponto de gerar outra filha com genérica compatível para doar à irmã sangue, medula e por fim, um dos rins.

Mas a filha Kate estava cansada de uma vida cheia de dores e desejando encerrar o ciclo de uma vida de sofrimentos. Talvez num ato desesepero dos pais e principalmente da mãe à qual abriu mão de tudo pela filha havia uma esperanç no fim do túnel de cura.

Até que ponto alguém pode declarar seu direito de morrer? Em meio a uma depressão profunda, cometendo suicídio? Em um leito, com uma vida vegetativa, longe da sociedade e cheia de dores?

Não meus caros, eu não tenho esta resposta, mas acho a eutanásia um tema interessante para refletirmos. Perder um ente querido é uma dor sem precedentes, mas como reagir se o indivíduo doente, cansado de tanto sofrer deseja morrer em busca de alívio?