Assisti, num canal estrangeiro de televisão, um documentário que me deixou estarrecido e, até agora, sinto comichar em meu espírito o vermezinho, ao mesmo tempo, da dor e da revolta.

Tenho por natureza uma personalidade pacífica e uma mente positiva e esperançosa. Contudo, assistimos, não sem frequência, a cenas que vão pelo mundo, de fazer nossos ancestrais remexer-se em seus túmulos, tal a gravidade e ineditismo do que se vê hoje em dia.

É certo que houve as guerras que dizimaram cidades; mas é um acontecimento que tem começo e tem fim. Não se compara o número de mortos numa guerra ao de vítimas fatais em, por exemplo, acidentes de trânsito ou entre adolescentes perdidos nas drogas e na criminalidade.

Mas, não é esse o assunto de que pretendo tratar aqui. Minha ânsia em escrever as coisas que presencio e sobre as quais desejo opinar não me deixa perder a oportunidade de mencionar o que vem se passando no Haiti. Se alguém tiver a chance de lá chegar, um patrício nosso, por exemplo, irá voltar pasmado com o que vai encontrar e vai agradecer ao Senhor eternamente pela bênção de ter nascido brasileiro. São milhares e milhares de sofredores haitianos vivendo em condições sub-humanas, em barracas improvisadas e sem o mínimo de bem estar ou mesmo de segurança.

As forças de segurança enviadas por países como os Estados Unidos e mesmo o Brasil não dão conta da desordem que se instalou. E tem nações que já deram por encerradas as suas missões por lá como se nada mais precisasse ser providenciado. As consequências imediatas da tragédia natural que se abateu sobre o Haiti, ceifando milhares de vítimas, quase riscando do mapa aquela carente região do mundo, foram pequenas em face do que está se passando agora.

Como se não bastasse o sofrimento da perda dos entes queridos e de tudo que possuíam, os penalizados irmãozinhos haitianos estão sofrendo o peso da negligência das autoridades. Então, fica a pergunta: para que existem as Ongs e outras instituições não governamentais espalhadas pelo mundo? A conclusão a que chegamos é de que elas existem para engordar os bolsos de uns enquanto dane-se a maioria. E é isto mesmo o que acontece.

O que me deixou chocado e envergonhado da minha raça humana foi saber que, de toda a verba liberada e destinada às vítimas do terremoto no Haiti, apenas, pasmem! 1% está sendo usado para o fim proposto. É triste, mas é essa a realidade. Só de olhar, de longe, em trinta minutos de reportagem, dá para se ter uma ideia do que está passando aquele povo. Eles estão sem água, sem alimentos, sem esgoto sanitário, ou seja, sem o mínimo de dignidade devida a um ser humano.

Estão vivendo, ou melhor, sobrevivendo, para não dizer ‘vegetando’ em barracas fornecidas pelo governo do país. Em frente ao palácio do governo encontram-se mil e quinhentas dessas barracas o que se assemelha àqueles enormes acampamentos espalhados sobre o deserto. E isto é apenas uma pequena amostra do inacreditável cenário. O país está arruinado. Dizer que está no caos ou em estado de emergência é ser generoso com as palavras.

Há prédios destroçados, entulhos, sujeira e miséria por toda parte. Eu só havia visto algo parecido em filmes de ficção. E agora estamos convivendo com uma dura realidade. Conclamo nossos amigos recantistas que elevem suas orações a esse povo tão sofredor. É o que podemos fazer; porque Deus existe. E com certeza irá olhar pelos haitianos.

 
Professor Edgard Santos
Enviado por Professor Edgard Santos em 11/01/2012
Reeditado em 11/01/2012
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