(Des)Encontros
... Então o sinal abre, ele acelera o carro e vocês nunca mais se vêem.
Eu ainda não havia parado pra pensar como é ruim a sensação de ver uma pessoa pela primeira vez e imaginar a possibilidade de não mais encontrá-la. A vida tem dessas coisas. Todos os dias da minha vida, encontro pessoas alheias ao meu conhecimento, mas que acabam por despertar em mim uma vontade enorme de entrar no seu mundo, e de saber um pouco quem são, de onde vêm, o que fazem, o e-mail, que perfume usam, essas coisas...
Então o sinal abriu, ele acelerou o carro e vocês nunca mais se viram? Foi isso?
Era um fim de tarde como outro qualquer. A rua parecia a mesma de todos os dias, seus automóveis seguem paralelamente, na mesma direção, até serem interrompidos pelo sinal vermelho, ambos param sincronicamente, como se fosse combinado. Abrem o vidro (os dois, veja só). Quase que instantâneo, se olham fixamente. Os trinta segundos mais longos, e quem sabe, mais bonitos da sua vida. É ele. É aquele cara que você quer que seja o pai dos seus filhos, é ele que vai te acordar todos os dias (de início com um beijinho e um “bom dia, amor!” e depois de alguns anos, com um “acorda mulher, tá na hora!”). É aquele que você quer que viaje contigo nas férias, que decida a nova cor da fachada de sua casa, que te faça promessas...
E ai? Ai, você ficou tão boba com aquilo que mal conseguia ouvir o barulho ensurdecedor das buzinas dos carros que o sucediam. Sem tempo para fazer nada, foram embora. E nunca mais seus olhos cruzaram-se outra vez. O sonho acabou? Pra onde ele foi? Onde mora? Perguntas se perdem num vazio onde não há certeza se um dia será preenchido. Menos drama. Nem notou a placa do carro? Ah, droga! Não.