A PARTIDA DE UM ENTE AMADO


Algo que assombra, amedronta a quase todas as pessoas, a perda de um filho.
A lei natural reza que, devem ir antes os pais. Mas, essa lei é flexível e por vezes inverte os papéis.
E quando isso acontece a tristeza a dor, e a saudade são nossas companheiras.

Dia 28 de dezembro último parecia um dia normal, a tarde se preparava pra dar lugar ao anoitecer, quando o fone tocou. Ao atender, a notícia triste: A Rúbia havia partido. 
Dessa vez, não para o Canadá, como esteve por quase um ano, realizando um sonho, mas sim para a Pátria de Origem, local que um dia todos nós retornaremos.

Mas, Ela, tinha só 28 anos, acabara de chegar do Canadá, e viajava com as amigas para passar a entrada do ano em Santa Catarina.
Que choque levei, meus pensamentos correram de encontro aos seus pais, meus primos.
Uma prece repleta de alento e muita emoção consegui enviar a Deus, para que bençãos de paz, lhes acariciasse o coração.

A Rúbia, eu senti, desde o primeiro momento, que estava bem, muito bem, sabia que ela com a fé racional em que foi criada desde a infância, trabalhadora que era de grupos de jovens, onde através de palestras, incutia neles, a fé que tinha em sua essência.
Eu sabia, que essa fé, imbuída de um conhecimento racional, seria a ponte segura por onde ela faria a grande travessia de passagem para outra dimensão.

Além de uma fé imensa, possuía Ela, virtudes que saltavam aos olhos.
Era equilibrada, doce, calma, serena, madura em suas atitudes, madura demais para os seus 28 anos.
Por todos esses valores eu, sentia que Ela, se preparara para deixar essa existência, até mesmo na ausência do lar tão amado pelo tempo em que morou no Canadá.
Uma pré-adaptação principalmente para seus pais, tão amorosos.
O fato de partir dormindo no veículo em que estava viajando, ajudou a que se entregasse docemente  nos braços dos amigos espirituais que vieram buscá-la, para a travessia entre as dimensões.

Um texto escrito por Ela em seu blog, no dia 26, dois dias antes de sua partida, reproduz com uma fidelidade imensa, o quanto ela sentia sua partida para bem próximo. 
Enfim uma alma preparada, para a despedida, que se avizinhava.

No seu velório, minhas sensações se confirmaram, ali nada mais existia dela, a não ser o lindo corpo que seu Espírito usou nessa existência.
Havia paz, em meio a dor da perda, havia serenidade de uma família que cultivou uma fé viva, que alimentou a alma, com as explicações da lei de causa e efeito, e a lei de justiça e de amor do Pai Maior.

No velório me pediram para fazer uma oração. Em meio a muita emoção, agradeci ao Criador da Vida, pela joia preciosa que ofertou aqueles pais, que  por ela zelaram, educaram e amaram, durante 28 anos, e pedi que DEUS, agora desse aos pais, resignação, coragem, para devolver essa amada joia, ao Universo, para que Ela pudesse continuar sua caminhada evolutiva.

Dias depois, sonhei com a Rúbia.
Fui levada em sonho a um quarto onde tudo era branco, o teto as paredes e o piso se confundiam e fundiam de tão alvos.
Uma janela aberta deixava entrar uma aragem fresca e raios dourados de sol. No meio do quarto uma cama branca, uma mesinha de cabeceira ao lado, com um vaso branco com botões de rosas brancas dentro dele.
E deitada no leito em alvos lençois, dormindo calmamente, estava a Rúbia.
Em dado momento, Ela sorriu dormindo, uma senhora de rosto sereno e bondoso que ao lado dela estava, me disse: "ela está sonhando com a mãe, por isso sorri".

Seus pais, pela fé que souberam cultivar, estudando com afinco, e trabalhando muito em favor do semelhante, estão resignados em sua grande perda, ou melhor sabem, que somente deixaram de ter a presença física, pois amor conquistado, jamais é perdido.
E SABEM o que é diferente de apenas ACREDITAR, que ela continua sua jornada evolutiva, em uma dimensão paralela a nossa.
E esperam, para logo que for possível, que a Rúbia dê notícias a eles.
E isso não vai demorar muito...... tenho certeza disso.

A dor da perda é imensa, o luto está sendo vivido, mas não há revolta, não há indagações de por que?
Em nossos corações, existe a certeza de que tudo está no lugar certo, no momento certo.
E a fé que cultivamos em nossa alma, é o grande consolador, um consolador dinâmico de uma fé que, pode enfrentar a razão face a face, sem ser abalada.




(foto da autora)

Lenapena
Enviado por Lenapena em 10/01/2012
Reeditado em 11/01/2012
Código do texto: T3432368