Só uma espiadinha...
Alguns, como meu pai, irritam-se só de ouvir falar em mais um BBB. Outros posam de intelectuais, dizem que não perdem tempo com essas coisas. A maioria, no entanto, não resiste em parar uns minutinhos que seja em frente à TV e dar “aquela espiadinha”...
Pois é, amanhã começa mais uma edição do já tão falado, discutido e por vezes polêmico Big Brother Brasil – a 12ª, por incrível que pareça. Digo isso porque se pegarmos a fórmula e analisarmos, não é fácil ver onde está tamanho atrativo que faz milhões de pessoas não só assistirem, mas até mesmo gastarem (tempo e dinheiro) telefonando para eliminar este ou aquele “BBB”.
Pensem comigo: enquanto um filme ou uma novela, por exemplo, têm por trás um autor, que elabora um roteiro, com um enredo definido, ou muitos enredos que se cruzam, no BBB o que temos são pessoas que praticamente caíram numa casa de paraquedas. Não há enredo, não há história, é uma sucessão de conversas muitas vezes triviais, algumas briguinhas, alguns amassos, piscina, festas.
Bem, quem sabe esteja aí o xis da questão: são três meses de “vida boa” que muitos gostariam de ter. Sem falar na companhia de gente bonita, já que muitos ali são modelos (ou poderiam ser).
Ou, talvez, a premissa do programa é que seja seu trunfo _ a sensação de sermos, nós mesmos, o “big brother”, ou, em bom português, o “grande irmão” que tudo vê da obra de George Orwell. Embora, claro, muitos sequer tenham ouvido falar de um livro chamado 1984.
Será que temos, lá no fundo, esse desejo de sabermos tudo da vida do outro, de quem sabe até controlarmos esse outro?
Como não desejo viver em uma sociedade com a de "1984", espero, sinceramente, que a gente só esteja querendo mesmo ver alguns conflitos reais e torcer pelos mocinhos. E que o Big Brother continue sendo só um programa de televisão...
(texto publicado originalmente no jornal Pioneiro do dia 09/01/2012 - www.pioneiro.com)