QUANDO O AMOR ACABA
As dores passam e as tagarelices ficam, quando o amor acaba. O pesar cessa. Os olhos não faíscam mais uma acreditável paixão sem fim.
Quando o amor acaba é capaz de se transportar no mesmo carro com o casal do qual você não faz parte – e isso não lhe custa dor. O coração parece emudecer.
Da boca de quem foi seu amor se ouve a expressão que não é remetida a você – e não há importância se o “Eu te amo” não lhe pertence mais.
Não há mais amor. Há uma história remanescente, com os resquícios de um percurso que alcançou a linha de chegada, a reta final. Ainda existe amor, mas o de uma bonita história aonde o fraterno atalhou o seu posto.
Não existe a desilusão doutros tempos em que a paixão efusiva embasbacava os sentidos. Os sentimentalismos foram combatidos.
A fantasia se finda. O futuro serena. E a saudade não é latente. Quando o amor acaba fica a amizade – e nesse caso, uma admirável.
Se na fábula o cravo brigou com a rosa debaixo da sacada, na vida real a rosa e o cravo protagonizam dentro de seus corações uma amizade sem confrontos, com o conforto da voz desafinada que a cada abraço de despedida revela, em sussurros, a eternidade de um sentimento verdadeiramente recíproco.