Vi e li e não gostaria de ver e ler novamente






    Os meus olhos de ver e ler, na maioria das vezes e apesar do tempo que já vivi, são crédulos e pacientes. Quero crer que os meus olhos de ver e ler aprenderam enxergar para além do que mostra a realidade imediata, embora, dito isso por mim mesma, pareça pretensioso.
    Os meus olhos de ver e ler não querem ser a palmatória do mundo, mas já que aprendi desde cedo que “pretensão e água benta não fazem mal a ninguém”, confesso que esses mesmos olhos já viram e leram muita coisa boa e ruim por aqui.
    Os meus olhos de ver e ler já ficaram perplexos, já se alegraram, entristeceram, se surpreenderam, se encantaram, se aborreceram com muito do que viram e leram por aqui, mas jamais perderam a esperança, a fé na vida, a fé em mulheres e homens de bem.
    Os meus olhos de ver e ler já viram e leram gente se autoproclamando séria, mas se apropriando descaradamente de fragmentos e até de textos completos de autores famosos e já publicados em diversas edições, sem sequer mencionar de onde veio a “tal da inspiração”. Em gente que quase reescreve o texto de outro/a autor/a e não o cita nem como fonte de pesquisa.
    Os meus olhos de ver e ler já viram e leram gente que nem é gente de verdade se autodefinindo poeta, cronista, articulista e afins usando texto como teia para enredar, fisgar, se aproveitar da boa fé de uns e outros. Já leram e viram gente a quem importa apenas seu ego inflado e a contagem do marcador de acessos.   Já tropeçaram em gente que cola o mesmo comentário em dezenas de textos, em gente escrevendo textos indignados porque não é comentado.
    Os meus olhos de ver e ler já viram e leram comentários cujo objetivo era simplesmente desqualificar a pessoa comentada, agredir, ofender, plantar o veneno da discórdia e da inveja. O desassossego na alma,  o desespero de ser tão pouco é tanto que esses seres querem  espalhar  a marca da maldade, do desamor onde der.
    Os meus olhos de ver e ler NÃO gostariam de ver nem ler nada disso, mas num espaço que prima pelo direito da liberdade de expressão conviver com diferentes é exercício maior que apenas tolerar, é exercício de aceitar, mesmo que não haja concordância de pensamento e opinião.
    No mais, meus olhos de ver e ler continuam comprometidos com a vida, respeitosos com a produção alheia, esperançosos e encantados com o que me mobiliza e me desafia. No mais, meus olhos de ver e ler acompanham meu coração que sempre se alegra e se emociona com o muito de bom que vejo e leio também por aqui.

    Os meus olhos de ver e ler agradecem. Obrigada!