Areia & Sangue

As carruagens de Nínive mastigavam o solo pedregoso das terras abençoadas por Anu. Aquele era um dia de guerra, suas faces tingidas de poeira e ódio reivindicavam a clava de Marduk; inspirando seus filhos para a vitória sobre os rebentos mercenários Citas. Lanças eram inclinadas em mãos calejadas, olhares habilidosos esperavam o momento certo para lança-las na perdição do sangue traidor.

[...]

Eles vinham em bandos de guerra, prontamente trabalhados para resistir ás investidas dos carros assírios, pois já estavam facultados sobre a administração bélica daquele povo. Eram apenas um amontoado de dezenas, montados em selas de garanhões fortes o suficiente para desbravar o terreno traiçoeiro em que se encontravam. De barbas desgrenhadas e faces esculpidas por cicatrizes esbugalhadas, os cavaleiros Citas eram selvagens viciados em ouro. Pequenos arcos eram erguidos ao sinal daquele que portava o mais longo escudo atrás das costas. O vento estava à favor de seus homens. A poeira erguia como se eles fossem bandos de centenas, uma estratégia ousada, mas que talvez, garantisse uma ilusão mortal aos filhos do deserto.

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Uma flecha assoviou aos ares. Elas vinham no anonimato, rasgando a densa formação de poeira, encontrando homens e cavalos assirios. Uma das bigas capotou de maneira horripilante, levando tanto homem quanto a dupla de cavalos ao óbito. Voltavam suas faces, atenção redobrada. Já estavam próximos o suficiente para que seus guerreiros inclinassem os corpos, e que os dardos fossem lançados.

[…]

O sangue jorrou. Uma lasca era arrancada da face de um cavaleiro Cita, perdendo todo o equilíbrio e caindo aos berros, devida à terrível dor que se instalava em seu rosto. Mas prosseguiam firmes, passando dentre a formação das carruagens. Alguns saudavam aquele momento com suas espadas, decapitando ou levando consigo parte dos semblantes agonizados dos condutores.

[…]

Alguns guerreiros inspirados pelo calor da batalha se atiravam nos cavalos Citas num improvável ato de heroísmo. Os gritos de guerra, dor e o ultimo suspiro da vida cobriam o perímetro onde se encontravam. E o sangue fertilizou o solo naquele dia, e seus frutos continuam florescendo.

Invictus
Enviado por Invictus em 06/01/2012
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