Comer, comer, comer
Nunca mais esqueci de um filme chamado “A Comilança” cujo ator principal, o saudoso e genial Tony Curtis, se reunia com algumas garotas em uma bela mansão e o desafio era comerem até não mais aguentarem. Isto já deve ter mais de trinta anos. Comer demais naquela época não era nada comum; as pessoas eram mais comedidas. Não sei se era por causa das comidas, preparadas ou fabricadas de forma mais natural; não havia tanto aditivo para incrementar o apetite. A indústria alimentícia de hoje em dia não perdoa o nosso bolso, e muito menos o nosso estômago. Se formos avaliar, por exemplo, o número de pessoas obesas que existe hoje e compararmos com aquele tempo é de fazer estarrecer os que possuem um pouquinho de bom senso. Estive assistindo a um filme sobre a segunda guerra mundial na Europa e fiquei admirado com a configuração geral das populações daquele tempo. É incrível. Não vi sequer uma pessoa gorda no meio das multidões. Fiquei admirado; sinceramente não sei o que está acontecendo com a nossa modernidade!
Os produtos que vemos pelos supermercados apresentam em suas descrições uma série de elementos a nos levar a crer que estamos ingerindo o melhor para a nossa saúde. As variedades em cores e sabores são impressionantes. A mãe que não comprar para o filhinho a farinha láctea, o leite em pó ou o biscoito acrescido do fortificante tal e da vitamina tal e não sei das quantas passa por um sentimento de culpa como se estivesse a deixar faltar os ingredientes essenciais para a nutrição do seu baixinho. E é isso mesmo que acontece. Não há um fabricante sequer que não nos induza a levar o produto que eles fizeram introduzir no mercado como se fosse aquilo a última descoberta da ciência médica. Isto está se proliferando de uma maneira tão intensa que o Imetro aconselhou; veja bem, ele não impôs, apenas aconselhou aos produtores que diminuam, num período de dois a cinco anos, o teor de sódio dos seus produtos, pois isto está contribuindo para o advento de crianças cada vez mais dependentes e problemáticas, com pressão alta, irritação, entre outros problemas causados pela má alimentação.
Fazer uma criança se alimentar corretamente já é uma tarefa hercúlea para os pais, ou melhor, para as mães, pois os pais só fazem comprar o que elas pedem (as crianças e não as mães, nesse caso). Comer é realmente um dos maiores prazeres da vida, se não for o maior. É super difícil resistir a uma comida gostosa e parar na hora certa chega a ser um sacrifício. Mas, em nome da saúde e, por que não, da boa forma é preciso resistir às maiores tentações. E os fabricantes sabem disso perfeitamente; se deixarmos por conta deles, exclusivamente, o que devemos ou não comer vamos acabar, os homens, lá no Japão, competindo o sumô; ou, as mulheres, aqui no Brasil, candidatas a miss fofura. Vivam as lojas especializadas em roupas sob medida! para os gordinhos, é claro. Se não, bom apetite. Mas, com sabedoria e moderação.