O que fazer com teu pranto, Amélia?

Eu não posso com isso Amélia. Duro é ver as lágrimas caindo dos teus olhos e não saber sequer uma palavra pra dizer. Sensação ruim quando se trata de uma pessoa que sempre tem aquele ‘algo certo’ pra nos falar. Na verdade, eu tinha as palavras, eu sempre as tenho, mas desta vez eu não podia pronunciá-las pois não acreditava nelas. Eu não podia alimentar esperanças que eu mesmo duvido que haja, e não era hora de te submeter à um choque de realidade mesmo que mínimo. Faltou-me coragem até pra isso. Faltou coragem pra te dizer “espere” se nem mesmo tenho fé se valerá a pena. Me perdoe Amélia. Se você é meu exemplo de força, o que faço ao vê-la assim tão descrente? Esse teu pranto silencia o meu peito. Por hora, tenho apenas esse abraço, frio e quente. E sinto que você o recebe. Como sei? É que senti que me abraçou de volta! E mesmo assim, a aflição e a angústia pela falta de palavras diante destas tuas lágrimas soltas me atormentam a alma Amélia, e quando me devolveu o abraço, senti que me dizias: “não te importes com as palavras, obrigada por estar aqui” e como pode ser que na tua infinita agonia, sejam os teus braços a me consolar? Acredite Amélia, eu não sei como evitar que chores, mas farei o possível para que nunca o faça sozinha.

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 05/01/2012
Código do texto: T3424586
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.