Minha cachorrinha Hannah

Meus filhos cresceram. E no decorrer natural da vida, cada um buscou seu rumo e foi construir seu destino, longe das minhas asas, onde pensava abrigá-los para sempre. Minha casa, antes tão cheia de jovens, tão cheia de planos de fins de semana, fins de tarde e retornos nas madrugadas, de repente ficou em silêncio, vazia, grande demais para mim. Fecho as portas dos quartos vazios para não enxergar a saudade que se esconde dentro de cada um. Ficaram as gavetas vazias, e os álbuns de retratos, para eu olhar de vez em quando e fazer de conta que voltei no tempo das imagens de cada retrato. Minha casa, repente virou silêncio demais. Foi então que ela apareceu. Em bebê, era uma bolinha de algodão, com dois olhinhos brilhantes tão pretos como a noite sem lua. Foi amor à primeira vista. Eu a cerquei de cuidados, com todo o carinho que fui guardando por tanto tempo, por não ter a quem oferecer. E ela, se apegou aos meus afagos, como se fosse eu a única pessoa existente no mundo. Não nos separamos nunca mais. Hoje, é uma cachorrinha linda, adulta, exuberante com seu pelo exótico e seu caminhar elegante, como se fosse uma lady, caminhando na pontinha dos pés, como se desfilasse em passarelas. Dorme na sua caminha bem perto da minha cama, de onde pode me ver e vigiar, como um verdadeiro cão de guarda. Basta um suspiro meu, para que ela abra os olhos e me olhe como se perguntasse se eu preciso de alguma coisa. Ao me ver quieta, se enrosca novamente na caminha e dorme tranqüila, seu soninho suave. E assim, meus dias já não são tão tristes mais e já não há tanto silêncio na minha casa. Vez ou outra, ela late assanhada, avisando que tem gente chegando à porta.

É a primeira a receber as visitas e está sempre na defensiva, minha pequena guarda costas.E me esqueci de dizer... é a cachorrinha mais linda do mundo, além de saber fazer carinhos como ninguém. Graças a ela, aprendi a ser feliz, apesar da solidão.