Espaços Íntimos
 
 
          Seriam os espaços geográficos reflexos de nossos sentimentos?!
 
          Uma praça, um bosque, um rio ou uma cidade, perde um pouco de sua sedução se neles não conseguimos localizar nossos afetos, nossos “pertencimentos”.   O mais belo ponto turístico, aquele que resiste ao tempo, está na expressão de nosso olhar. Nas lembranças que guardamos na retina do coração, na memória de nossa alma.

            Sempre que revejo uma rua, revisito uma cidade, meu desejo, além de conhecer novos lugares, é rever os antigos, observar os rostos, as pessoas que habitam e significam sua rotina.

            Os lugares ficam mais bonitos e atraentes quando povoados de entusiasmo e vida. É maravilhoso ver o cuidado com as coisas simples – os canteiros, os jardins que se insinuam pelas frestas dos muros, as flores que, desobedientes, brotam em qualquer lugar.

            Há uma sedução muda no mapa emocional que se desenrola diante de nosso olhar, na maneira discreta como o cotidiano se apresenta nas ruas e quadras, nos cafés, onde aos goles aquecemos nossos sonhos, nas livrarias que alimentam nossas almas, nas ruas desertas povoadas de vidas, quase imperceptíveis aos olhares desatentos.

             O encantamento pelo lugar está na magia de seu ar - que nos envolve como um abraço gostoso -, na generosidade de seu povo, na simpatia de seus habitantes, nos olhares que nos sorriem, nos sons, nos cheiros. Meus lugares são feitos desses elementos. 
 
             Meus espaços são feitas de afetos. As ruas se cruzam segundo meus passos, as esquinas são paradas obrigatórias para a conversa sem compromisso, as ladeiras, assim como os desafios, vão sendo vencidas pelo entusiasmo, os rios que descem na umidade do olhar cheio de saudade, são alimentados pela emoção do reencontro.

             Minhas cidades são feitas de gente que dão sentido ao meu viver.


           
 
 
Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 04/01/2012
Código do texto: T3421799
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