CRÔNICA – O réveillon 2011/2012
 

CRÔNICA – O réveillon -- 2011/2012

 
 
     Ninguém pode negar da beleza e suntuosidade das festividades de final de ano nas capitais brasileiras, da mais modesta às de melhores condições econômico-financeiras. Disso não se tem dúvidas...

     De minha parte, inobstante vibrar de emoção com a queima de fogos de artifício, em especial, chego a ficar boquiaberto com a prodigalidade com que os nossos governantes “queimam” o dinheiro do contribuinte de maneira tão prática, rápida e até de difícil comprovação dos gastos efetuados, pois uma vez explodidos os artefatos não se pode chegar a uma confrontação das pertinentes despesas, que se perderam no ar; sendo mesmo o exercício da confiança talvez a única possibilidade de dar como efetivamente aplicadas as verbas pertinentes. A honorabilidade da classe política certamente deve ser levada em consideração na hora da “onça beber água”.

     Vamos aqui nos prender somente ao vibrante espetáculo proporcionado pelo Rio de Janeiro, na passagem de 2011 para 2012. Não que as demais capitais e municípios brasileiros não mereçam destaque em festividades iguais, como Fortaleza, Recife, Salvador, São Paulo e até longínquas, pequeninas e médias cidades do país, isso nunca. Todavia, minha gente, a quantidade de fogos gasta na mais linda capital brasileira chegou a 24 toneladas, embelezando os céus cariocas por mais de quinze minutos ininterruptos, dando uma falsa impressão ao mundo que estamos vivendo num verdadeiro paraíso. Afinal somos o país da Copa, das Olimpíadas e ainda do campeonato das confederações.




 
                                               acima o réveillon em Fortaleza
 
     Claro que as despesas não se limitam apenas à aquisição de fogos, mas nelas entram todas as demais desde o transporte até a consecução do objetivo final. Ninguém trabalha sem receber a devida recompensa, inclusive porque esses serviços ficam a cargo de empresas “especializadas no assunto”, não se sabendo da existência de cartéis na fabricação e/ou venda, pois em havendo esse complicador as despesas aumentam substancialmente.

     O que mais me impressiona, entretanto, é a destreza com que os governos conseguem buscar tanto dinheiro em tempo recorde, enquanto pessoas necessitadas padecem de leitos nos hospitais, de médicos, medicamento e material humano de apoio, alguns chegando a morrer à míngua, unicamente por falta de vontade política dos responsáveis pelos destinos dessa miserável nação. Os aposentados, por exemplo, são os mais castigados dos cidadãos, pois seus aumentos expressam uma vergonha nacional. Chego a me perguntar como é que passamos a ser a sexta economia do mundo, jogando dinheiro fora e ignorando nossos concidadãos. A impressão que se tem é que a situação dos outros países está uma miséria sem qualquer solução. Mas se esse fosse o quadro verdadeiro da crise nem o Brasil escaparia ileso da falência generalizada.

     Evidente que temos a incerteza do “Euro”, que abala a Europa, mas todo mundo está cansado de saber que dívidas não se pagam, os credores as prorrogam, negociam, até mesmo porque não haveria qualquer vantagem em se ver uma nação construída com tanto sacrifício ficar na bancarrota. O Brasil saiu da conjuntura anterior, da “marolinha” quero dizer, porque tinha muitas condições favoráveis, a começar pelas reservas internacionais. Todavia, se não tivesse ajudado aos bancos, esses que são altíssimos contribuintes de campanhas políticas, nós ainda estaríamos mergulhados nela. Todo mundo sabe ou já ouviu dizer os problemas que advêm da falência de um banco de bom porte.

     Mas as despesas não ficam por aí.  Bom lembrar que a movimentação de artistas de uma cidade para outra envolve milhões de reais, sendo isso um ralo fácil para o escoamento de nossos recursos. A presidente Dilma foi passar os festejos natalinos e de final de ano na bela Salvador, mas um detalhe me causou espanto: As despesas que o governo fizera para reformar e equipar a casa em que se hospedaria, as quais teriam alcançado cifras de R$ 650 mil reais, segundo noticiário da imprensa. Havia cortinas de linho, no valor de R$ 35 mil; mais ainda, esse mesmo imóvel já houvera sido reformado no período precedente, a fim de que o ex-presidente Lula contasse com idêntica benesse (gastos da época na base de R$ 800 mil). Não sou contrário a que se concedam mordomias a essas autoridades, entretanto com parcimônia e respeito ao dinheiro público. 

     Alguém já se deu ao trabalho de calcular ou mesmo arriscar a dizer, mesmo no chute, o montante de toda essa festança com recursos públicos (temos mais de cinco mil municípios)! Nem mesmo eu, eis que os números seriam tão absurdos que pouca gente acreditaria, mas com toda a certeza do mundo os nossos Tribunais de Contas vão aprovar todos os possíveis (?) gastos na íntegra.

     Antes de concluir, apenas um detalhe, as chuvas estão ameaçando várias cidades do país, inclusive Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e outras. Espera-se que o dinheiro gasto no final de ano não venha agora a fazer falta no socorro das vítimas que aparecerão. Aliás, ainda existem pessoas prejudicadas pelo tal fenômeno climático do ano passado que ainda não receberam qualquer auxílio.

Envergonho-me disso tudo...
 
Ansilgus

Em construção/revisão
Fotos do Rio de janeiro e de Fortaleza (GOOGLE)
ansilgus
Enviado por ansilgus em 04/01/2012
Reeditado em 04/01/2012
Código do texto: T3421623
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