temperos

Habitavam o ar o cheiro do tempero exótico e o perfume de ternura. Os gestos dele, homem grande, eram delicados e certeiros. Estava compenetrado naquela missão, algo exata, de fazer o jantar. A isso se propusera com satisfação e a convidara para o banquete.

A cozinha parecia de brinquedo, pequena, mas com cada e toda coisa em seu lugar. E ele a tudo dirigia, com precisão, assim como quando dançavam. Havia um ritmo sereno e não havia ansiedade. Tirava a panela do fogo, para não perder o ponto da mistura. Fazia movimentos rápidos. Tampa destampa remexe, aprecia, cheira e aprova e diz: vamos!

Mesa posta, vinho a umedecer, paciente, aquele momento, algo sagrado, algo profano. Serviram-se; e ele permaneceu cuidadoso, com gestos de doação, distribuía dose certa do alimento, compartia com beijos os sabores e cheiros. E, ela conclui que era bom vê-lo e senti-lo assim, um homem, grande, um grande homem a cozinhar e a pôr no alimento o seu jeito, todo seu, de dizer o amor.

Doraa
Enviado por Doraa em 04/01/2012
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