Vícios da Virada
Jorge Luiz da Silva Alves

   Fogos, festas, presentes, emoções, promessas, joelhos na terra em prol dos corações ao alto e fortuitos arrependimentos ante a salvação da Manjedoura. Pesados pela gulapa das milhares de tascas, alegres comadres e goliardos arrastam-se às fraldas de Ano Bom tatuados pelo patrocínio da permissividade, num clangoroso excesso duma existência desregrada e buscando a absolvição no expediente surrado de arremessar pétalas e barquetes das praias – mas não abrindo mão da Saturnália original que pestifica corpo, alma e futuro sem dar conta disso. Não que os anacoretas e vestais carreguem o fáscio(*) da verdade; mas de nada valem os votos dum feliz Ano Novo se velhos vícios permanecerem para nova gestão de vida...

(*) Fáscio - emblema de antiga magistratura da República Romana: machadinha enfeixada por doze varas e carregada por auxiliares senatoriais chamados "lictores", símbolo da disciplina e retidão da Roma Antiga. Nesse contexto, significa portador da verdade ou de costumes arraigados.
     

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Jorge Luiz da Silva Alves
Enviado por Jorge Luiz da Silva Alves em 03/01/2012
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