a Menina e o ex Jogador Futebol
“A Menina e o ex jogador de futebol”
Quando ele parou de jogar profissionalmente futebol, ela ainda não tinha nascido. O auge de sua carreira, foi quando disputou( e pode-se ve-lo ainda hoje eternizado no You Tube, com a camisa 11)contra o Santos, defendendo o Vasco da Gama, o jogo em que o rei Pelé marcou seu milésimo gol!Poucos anos depois, tendo atingido a idade em que os atletas costumam encerrar suas carreiras, voltou para Minas, sua terra natal, e cultivou o hábito de bater uma bolinha aos sábados de manhà numa quadra de grama sintética no seu bairro de origem, a Renascença;Muito comunicativo, Silvinho conquistou logo a mizade dos colegas de pelada que sempre o reverenciavam pela sua carreira de ponta esquerda no futebol; Em pouco tempo,devido a uma calcificação num tornozelo, já não jogava mais, limitando-se apenas a incentivar a participação de seu filho Paulinho, como jogador nas peladas.Entretanto seu espírito, moleque alegre e brincalhão de encarar os fatos e a vida já havia conquistado a todos e tormou-se uma espécie de Gurú daquela pelada semanal, e sua presença era ansiosamente esperada pra pelada começar!Foi entào que um dos rapazes peladeiros apareceu na quadra com um carrinho de bebê com uma criança linda dentro de pouco mais de 1 aninho de idade!
Sua mulher tinha um trabalho extra e ele foi escalado pra ficar com a neném, mas como era um dos peladeiros mais fominhas e não perdia um sábado sequer, resolveu levar a filha com ele;esta é a Júlia, disse ele e saiu correndo pro gramado, deixando o carrinho com a bebê á mercê de sua própria sorte...
Silvinho, nosso ex jogador do Vasco, vinha de uma família de dez irmãos e era muito carinhoso com crianças, se aproximou e ficou o tempo todo brincando com a Júlia, a criança no carrinho!A neném se distraia com as caretas denão chorou pela ausência do pai.Notando a afinidade do Silvinho com sua filha, o Peladeiro fominha e irresponsável, passou a levar todo sábado a Julinha no carrinho de bebê para quadra de futebol, repetia todo fim de semana o ritual , confiando na boa vontade e o jeito carinhoso do Silvinho, para ficar tomando conta da filha, enquanto ele mesmo dava suas caneladas na pelada da quadra...Este ritual ficou comum todo sábado na pelada da quadra da Renascença.silvinho que os colegas chamavam “carinhosamentede “Beiçola”, já quase não prestava atenção ao futebol na quadra, e bebê!silvinho se afeiçoou tanto á criança que passou a frequentar os aniversários dela e sempre levava seu presentinho pra menina; Julinha foi crescendo e quando começou a falar, uma de suas primeiras palavras foi “Beiçola”, que aprendeu, de tanto ouvir os peladeiros chamarem nas peladas da quadra; Olha lá, beiçola””, o Lê tá prendendo muito a bola... e o beiçola deixando um minuto sua função de Babá oficial da Julinha assumia o papel de Técnico honorário do time depeladeiros e corria gritando..”.Pôrra, Lê, passaesta bola, seu careca”...e voltava correndo pra tomar conta da Julinha, no carrinho de bebê... E o tempo foi pssando e a Julinha foi crescendo e nosso beiçola exagerando nas garrafas de cerveja que enxugava nas peladas de sábado de manhã na quadra! E a Julinha começou a andar...Já não ia no carrinho de bebê e sim pd puxada pela mãozinha pelo pai, que não perdia um sábado de pelada!... e o tempo foi passando, e a Julinha crescendo... Nosso “Beiçola” aumentando a quantidade de cervejas que enxugava nos sábados de pelada e depois ainda esticava no Bar do Rocha...
E as peladas se sucediam...E a Julinha já corria pela quadra toda e não parava quieta um minuto, sempre brincando...ás vezes parava em frente ao Silvinho e pedia “Beiçola, posso pegar uma batatinha na sua conta? Pode sim Julinha, pega um refri também pra você...respondia Silvinho...Mas olha aqui:Meu nome não é beiçola, tá? Meu nome é Silvio, Silvinho do Vasco...a Julinha ria e encarnava mais ainda... queisso, Beiçola, sou eu a Júlia,sua amiga, lembra...silvinho ria, abraçava sua protegida e cochichava, “você pode me chamar de Beiçola, só você, viu”? E a vida corria sem muitas novidades... Julinha crescendo e o “beiçola” enxugando mais cervejas...E a pelada cada vez mais engraçada...e pior...de vez em quando o Beiçolaparecia`não apare nã e hojeo Bar do rocha...Julinha era a primeira a perguntar...Üai gente, cadê o Beiçola? E alguem dizia... Passou mal ...tomou muita cerveja ontem no Bar do Rocha e hoje tá de ressaca!Julinha não corria tanto...Ficava triste pelos cantos...Um dia, Luizinho, que tomava conta das peladastrouxe a notícia...Gente, o Beiçola foi internado...Parece que pegou hepatite...mas descobriram que não e ra hepatite... Ele continuava piorando e os médicos pediram novos exames...Fizeram biópsia do fígado e ino Silvinho, ponta esquerda do Vascofelizmente foi confirmado: Beiçola estava com cirrose! A cerveja em demau nosso ex jogador de Futebol, nosso Ponta esquerda do Vasco, do Gol mil do
pelé!a ADENG informa: “Cerveja 2 x Beiçola 1”...Em trinta dias silvinho não resistiu e Morreu!Quando eu soube da noticia, estava morando no Rio de Janeiro e vim voando para Belô! A primeira coisa que veio á minha cabeça foi:” Meu deus, a Julinha vai ficar arrasada”... Quem vai contar pra ela?
Quando cheguei ao cemitério, me disseram que a Julinha já havia estado lá e tinha chorado desesperadamente... quando cheguei perto do caixão para me despedir do meu irmão Silvinho, ví um papel colocado um pouco acima de suas mãos geladas com os seguintes dizeres em caneta pilot azul: “JÚLIA + BEIÇOLA= AMIGOS PARA SEMPRE”...A Julinha não me parecia mais triste...corria entre as pessoas, na alegria de seus 8 ou 9 aninhos, como fazia sempre, aos sábados pela manhã, na quadra das peladas na Renascença!