Carregando Pedras

Eu sou um pouco de tudo que vivi… eu sou uma mera consequência de meus atos falhos… para quem não tem caráter sou um fardo … não que eu quisesse algo diferente pra mim, mas volta e outra acho que ainda sou aquele rapaz carregando pedras que nunca pertenceram a minha pessoa.

A vida é doce e amarga, isso nunca foi novidade para ninguém, o mérito da sorte e o acaso, deuses do nosso destino, é que não são reconhecidas. Muitas pessoas batem contra isso, argumentando que a vida é o que a gente faz dela, que não existe destino, e nesse ponto de fazer o que quiser da vida eu não discordo deles nenhum pouco. Quando menciono sorte e acaso estou me referindo onde sua vida começa, por que ela começa em uma fase da vida de outra pessoa… ela poderia ser rica, pobre, feliz, triste, enfim, isso, meus amigos, a gente não faz e não escolhe, eis que entra a sorte e o acaso.

Nasci numa família simples, ao menos na época em que nasci já poderia citá-la assim. Meu pai trabalhava em uma firma quando eu era criança, minha mãe era jornalista e trabalhava para um pequeno jornal da região.

Eis que fui atravessando meus caminhos e me tornando quem sou. Meu pai nunca me deu uma casa, um carro, um negócio próprio, nem ele nem minha mãe, pois não nasci em uma família rica. Aqui que a gente já começa a diferenciar as pessoas, pelos seus bens e suas capacidades. Claro que nada flui sozinho, eu sei, mas se um dia uma pessoa como eu tiver uma casa, um carro ou um negocio próprio será 100% mérito meu, por meus esforços e conquistas e não porque alguém disse “toma ai pra ti”.

Por que criticar isso? Inveja? Não… caráter. Isso mesmo, algumas pessoas que às vezes tem esse perfil não tem um caráter realmente digno. Se sobrepõem e se contradizem prejudicando os demais, se orgulham demais das próprias façanhas como se todas conquistas fossem apenas deles e algumas vezes se acham os donos da razão e tem certeza que se todo mundo escutasse eles, ninguém mais seria pobre.

Nessa batalha de egos muita coisa fica pra trás, o importante é impor e não pensar antes de falar. Eis aqui eu, escrevendo calmamente… o correto por óbvio, pois em momentos de raiva nem o mais humilde dos devotos do santo que o seja agiria de boa fé.

Me recordo de um verão a uns anos atrás, eu carregava tijolos, dois milheiros se não me falhem a memoria, para ganhar uns 15 reais… na época parecia uma boa ideia, hoje em dia com certeza não. Mas quando me lembro deste fato me vem a mente que aqueles quinze reais tiveram um valor infinitamente superior a outros milhares de reais que não foram conquistados com esforço próprio e dedicação apenas.

Outra vez estava em uma galeria, carregando algumas caixas de azulejo e sacos de cal para o segundo andar para ganhar 10 reais mais uma refeição… realmente… eu nunca mais fiz esse tipo de serviço, mas quando me deparo com egos monstruosos de pessoas hipócritas e sem a menor noção de onde veio e respeito as suas origens, eu sinto que ainda sou aquele rapaz carregando pedras por alguns trocados.

Jonas Tiago Silveira
Enviado por Jonas Tiago Silveira em 01/01/2012
Reeditado em 24/10/2019
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