Cadeira Preguiçosa
26/03/11
Cadeira Preguiçosa
A cadeira tinha mais de 100 anos. Comparo-a à rede de Jorge Amado. Passou de mão em mão, como herança. A herança literária de Jorge. A palha estava desgastada pela idade e uso. Foi trocada, deixando-a nova, como recém-nascida, assim como toda a vida de Amado.
Mas, como ela balançava como se fosse nova, continuava a ser utilizada pelas crianças e até adultos (magro, gordo e obeso). Todos queriam seu aconchego.
Um dia, ela não estava mais aguentando tanto peso sobre ela, começando a ranger: “ai, ui, ai, ui, ...” , sendo diagnosticada doente com preguiça “crônica-aguda”.
Sendo assim, continuou sua vida de balanço em balanço, suportando todos os pesos, alternando com os leves e intensos gemidos.
Até que um dia, ela se revoltou. Arrebentou seu lado esquerdo tão repentinamente que quase levou sua dona pelos ares.
Agora a cadeira está aposentada, sem serventia, encostada no lado direito ou esquerdo, à espera de um novo diagnóstico. Diferente da vida do querido e saudoso escritor baiano, Jorge Amado, que foi útil e intensa do início, mas sem fim.
Baiano ou nordestino que se preze adora um aconchego de uma rede ou cadeira de balanço. Ótimo lugar para inspirar os escritores em uma nova história. Não é à toa que Jorge Amado escreveu o livro: “Terra do Sem Fim”, em que a Ester, sua personagem ficava numa rede pensando em seus medos, desamores e em sua vida.
Adriana Quezado
VII Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - Crônicas
Selecionada:
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Concurso Literário Internacional CRÔNICA
Classificada: 7º lugar
XXXVI Concurso Literário Internacional
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7° LUGAR