2012 quem faz é você!

São os dez segundos mais otimistas do mundo. Uma energia contagiante. A multidão para e admira fogos de artifício iluminando o céu, mas a concentração é como se todos estivessem vendo, ao mesmo tempo, uma enxurrada de estrelas cadentes. É hora de fazer pedidos! E o melhor é que vale tudo, porque não há limites para os sonhos nesse breve momento mágico que é o Réveillon.

São rosas jogadas no mar. Gente pulando sete ondas, comendo 12 uvas, bebendo champanhe. Tantos beijos e abraços, risadas, que alienígenas no espaço devem achar que alcançamos a paz mundial. Afinal, a esperança que renasce de 365 em 365 dias é a de que o fim do ano marca o início de uma nova era... essa, milagrosa! Talvez a que finalmente permita às mulheres que sejam gostosas sem dietas.

Mas a verdade é que 2012 não será isso tudo que as pessoas estão desejando. (E também não será o fim do mundo). Alguns sortudos literalmente ganharão na loteria. Outros, viverão um amor de novela. E haverá mais um seleto grupo que verá um grande projeto sendo concretizado. Para a maioria, porém, o Réveillon registra apenas um novo ciclo de Verão, praia, carnaval, micareta, feriados prolongados e, claro, uma cansativa remessa de segundas-feiras. O ano novo será, com frequência, apenas um déjà vu do ano velho, não importa o quão rosa seja sua calcinha ou o quão ofuscante seja o dourado da sua blusa na noite da virada.

Ainda que superstições possam ter uma validade e a onda de pensamentos positivos talvez melhore o humor cósmico a seu favor, a chance de mudar está muito mais nas atitudes do que na forte esperança de que coisas maravilhosas te arrebatarão. Basta imaginar a maravilha de um mundo no qual o espírito do Réveillon durasse mais do que dez segundos.

Reflita: e se as pessoas carregassem consigo por 364 dias a mesma força de vontade e ânsia por mudanças que elas sentem explodir no peito durante as celebrações de Ano Novo? E se a gente desejasse mais por tomar as rédeas do que pedir para que o mundo nos sirva de alegrias? Já dá para prever um monte de fumante largando o cigarro; uma multidão de mulheres sofridas dando-se o devido valor em vez de choramingar por canalhas; uma avalanche de sedentários mantendo a disposição de ir à academia; uma legião de jovens combatendo a preguiça para estudar direito na escola.

Foi me inspirando assim, em atitudes, que mudei meus pedidos de Réveillon. Um dia, percebi que não preciso implorar para que as portas se abram para mim. O melhor é pular aquelas sete ondas, jogar minhas rosas para Iemanjá, bater um papo com o universo apenas para pedir que eu seja uma versão aprimorada de mim. E, depois, fazer acontecer!

Uso as viradas de ano para relembrar o quanto quero ser alguém que sabe reconhecer a felicidade enquanto ela está acontecendo, e que levanta a bunda do sofá para lutar pelos seus projetos. Alguém que não se poupa de mostrar o quanto ama algumas pessoas e que se irrite menos. Alguém que consegue identificar os caminhos certos, sem medo de estudar novas alternativas quando a vida força uma alteração de rumo.

Minha estratégia de Réveillon é agir para realizar isso tudo e, claro, pedir saúde de ferro. E seu plano, qual é?