NOVO
Segundo o Aurélio é “o que tem pouco tempo de existência; moço, jovem; que é visto pela primeira vez, que acaba de ser feito ou adquirido; que tem pouco uso; original”. Em qual destas categorias podemos incluir o Ano Novo? Eu criaria outra definição, não querendo ser mais sábia que o autor do dicionário: novo é o que não era conhecido antes de aparecer diante dos nossos olhos ou da nossa vida. Nesses termos o ano, que se inicia em primeiro de janeiro, não é “novo”. O sol raiará como em todos os dias do ano que passou; vamos acordar depois de algumas horas de sono, levantar da cama e comer qualquer coisa, de acordo com o costume da terra onde vivemos ou da data que comemoramos. Se a nossa saúde era precária, amanhecerá da mesma forma e se era boa e não abusamos da comida e bebida, também será igual,
Tudo convenção. E por que ela foi inventada? Da mesma forma que nos hemisférios norte e sul as estações do ano, bem marcadas, indicam um período de renovação ou renascimento, o calendário precisa diferenciar períodos de tempo, e acompanhar a natureza. O ser humano, de vez em quando, deve se reinventar em algo que nunca havia experimentado antes, para não sentir tanto o peso do tempo que, inexoravelmente, passa.
Concordo com a celebração. Tomemos, por exemplo, um país preocupado com as finanças, sem prognóstico favorável, como a Grécia; para não entrar em desespero e caos, seu povo precisa ter a esperança de dias melhores. O que eu sou contra, é fazerem desta data, 31 de dezembro, uma extrapolação total, um desvario, como se as 23:59 horas, o último momento da vida. Então, vou fazer tudo o que não fiz antes, e, esse tudo, será sempre uma coisa negativa: exceder na bebida, sexo, comida, gastança, pois não há o amanhã. Mas como, se, justamente a razão da comemoração, é o ano novo que começa no dia primeiro? Incoerência total: celebro, extravaso porque não há o amanhã e festejo o hoje, por causa de amanhã!
No final das contas, voltando ao começo do texto, o que é novo? O dia 31 de dezembro, que é sempre da mesma forma, com fogos de artifício e eventos musicais, ou o dia primeiro de janeiro, com ressaca anual e almoços familiares?
Novo, aliás nova, deve ser a decisão de analisar meu comportamento durante o ano que finda, para melhorar meu relacionamento com os outros, no ano que se inicia; refletir sobre os excessos de comidas e bebidas, durante o período dos últimos 365 dias (não nos festejos) e, de acordo com uma opinião médica, reformular meus hábitos. Refletir sobre conhecimentos, relativos ao meu trabalho, e verificar o que pode ser aprimorado para conseguir subir um patamar profissional. Analisar meu espírito e minha espiritualidade, para me sentir mais em paz comigo mesmo e com Deus.
Diante de tudo acima escrito, desejo, a quem me lê, um muito feliz Ano NOVO e uma vida de convivência harmoniosa, tanto na família quanto em sociedade, com prosperidade, harmonia, paz e solidariedade. Que nosso gesto individual, de querer ser melhor, se espalhe, como nos círculos formados na água, quando uma pedra é atirada.
Petrópolis, 31 de dezembro de 2011, às 15 horas.