O carro do tempo e a liberdade
Infeliz de quem pensa em liberdade nas condições automotivas. O carro foi verdadeiro ícone da liberdade com enormes restrições ocultadas de seu mundo. Cheguei acreditar que bastava ter um carro (meu é o que tenho de coisa minha) para treinar e desenvolver os trajetos que me aprouvessem. Mas os homens querem especular. O carro é objeto da mais mesquinha das explorações onde todo valor agregado adquire tom de lei draconiana. Tributos, arrecadações, altas burocracias servem apenas para diminuir o poder econômico de seus donos, além da ferida que se abre no direito individual á propriedade. Pagamos tanta coisa por um bem patrimonial hoje no país que não seria absurdo dizer que aqui neste solo pátrio inexiste propriedade particular. Toda propriedade acaba cartorialmente detida nos papéis que corresponde a valores. No lugar onde apenas deveria ter um registro de sucessão sobre o bem imóvel negociado.
Essa pusilânime extração de lucro dos parasitos sobre coisa de terceiros só encontrará termo quando o país acordar das criancices a que se devota diariamente como fuga da realidade. Somos sonhadores, brincalhões e explorados de modo que a meta dos impostos recolhidos acaba se transformando em alheamento. É o capitalismo parasitário que por sorte não se transformou em comunismo tirânico deliberado. O direito á propriedade tem a sua mácula no referido parasitismo que se faz sobre coisa alheia.
Por que não basta obter uma casa? Por que temos que pagar imposto sobre o imóvel adquirido? Para não parecer ingênuo é que temos que desembolsar de modo aviltante? Por que temos que pagar imposto sobre o carro que dirigimos? Ou qualquer outro recurso que não fosse à gasolina? Por que temos que pagar carteira de habilitação? Perdemos a vontade da luta pela liberdade individual na área econômica no sentido da luta nos diversos períodos de tirania tão freqüentes na história nacional?
Creio que o único orgulho nacional que nos motiva é parecermos rico acima de tudo, pois o valor doma tudo. Essa é a ilusão que possuímos. Já é repugnante ouvir falar em reforma tributária que devia ser substituída pela ausência tributária completa, ampla e irrestrita. Libertando o indivíduo do ônus do Estado. Ficaria melhor para economistas cuidarem deste fator do que alegar aumento excessivo de consumo como um elemento consistente de crise acelerada. Sabemos nós que indivíduo e o capital estão deserdados. Vivem da promessa.
Neste final de ano todo brasileiro sonha ardentemente com premiação na loteria. Deviam sonhar em possuir para si um “departamento de trânsito” ou o direito feudal de recolhimento de impostos para si. É copmo ganhar na loteria. Dois casos feudais são altamente enriquecedores em dinheiro fácil. O fim da liberdade do indivíduo pelo cerceamento financeiro ninguém sonha longe das portas das casas programadas de jogatina federal.